sábado, maio 12, 2018

Sondagem: Somos todos Centeno? 75% dos inquiridos desejam-no nas Finanças

O ministro das Finanças consegue uma proeza que nenhum dos seus antecessores alcançou nos últimos anos. Não só é popular, como é desejado. Pode ir para Bruxelas, mas querem-no por cá. Mário Centeno pode fazer as cativações que quiser, pode desejar défice zero - algo inconfessável há poucos anos para um governante socialista - pode pedir bilhetes para jogos do Benfica, pode tentar travar os aumentos na função pública, que tem os portugueses do seu lado. No estudo da Eurosondagem para o Expresso e para a SIC, os inquiridos responderam massivamente de forma positiva à questão: “Gostava de ter Mário Centeno como ministro das Finanças do próximo Governo?” O “sim” registou 74,5% das respostas. Os inquiridos não são “todos Centeno”, como chegou a dizer o ministro da Saúde sobre o Governo, mas quase.

A pergunta justifica-se uma vez que são insistentes os rumores de que Centeno poderá sair do elenco governativo num eventual Executivo socialista que possa sair das próximas eleições legislativas e trocar Portugal por Bruxelas e pela Comissão Europeia. Mas são apenas 10% os inquiridos que respondem taxativamente que “não”. Só 15% têm dúvidas, não sabem ou não respondem. Isto quer dizer que o ministro das Finanças não só é bem tolerado, como é desejado e tem uma taxa de rejeição muito baixa para um política naquelas funções.
Pelo menos desde há 16 anos,quando Manuela Ferreira Leite foi ministra das Finanças de Durão Barroso - e teve de enfrentar aquilo que o líder do PSD descreveu como um país “de tanga” - que os titulares daquela pasta são a cara a quem os portugueses atribuem a responsabilidade pelos seus sacrifícios. Entretanto, passaram pelo Terreiro do Paço nomes como Bagão Félix, Luís Campos e Cunha, Teixeira dos Santos, Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque. Não é um lugar que torne os políticos populares ou desejados.
Centeno passou por vários momentos difíceis, mas sobretudo ficou marcado pela crise da nomeação de António Domingues para presidente da Caixa Geral de Depósitos, o que lhe valeu um puxão de orelhas público do Presidente da República.
O presidente do Eurogrupo e responsável pelo “défice mais baixo da democracia” - sem contar com a capitalização da Caixa - é uma exceção. António Costa terá de ponderar se vai manter o ministro caso volte a formar Governo. Centeno tem dado sinais de esticar a corda, sobretudo em relação aos parceiros da “geringonça”, com intervenções e artigos como o que escreveu recentemente no Público a defender a continuação da redução do défice para precaver choques futuros.
Uma possibilidade que está em aberto é a ida definitiva de Mário Centeno para Bruxelas, como noticiou o Expresso em abril, para comissário europeu dos Assuntos Económicos. Um dos cenário possíveis seria o presidente do Eurogrupo acumular aquela pasta, e ao mesmo tempo ser vice-presidente da Comissão Europeia. Mário Centeno chegou a reagir à manchete do Expresso, sem negar essa hipótese: “É uma matéria que não está sequer no horizonte político, ainda”, afirmou. “É bastante extemporânea, aliás, a forma como foi colocada”. Mesmo que Centeno se vá embora, pode ter uma certeza. Pelos menos por agora, os portugueses preferiam tê-lo por cá. São (quase) todos Centeno.
FICHA TÉCNICA

Estudo de opinião efetuado pela Eurosondagem S.A. para o Expresso e SIC, de 3 a 9 de maio de 2018. Entrevistas telefónicas, realizadas por entrevistadores selecionados e supervisionados. O universo é a população com 18 anos ou mais, residente em Portugal Continental e habitando lares com telefone da rede fixa. A amostra foi estratificada por região: Norte (20,6%) — A.M. do Porto (14,7%); Centro (28,3% — A.M. de Lisboa (26,7%) e Sul (9,7%), num total de 1008 entrevistas validadas. Foram efetuadas 1170 tentativas de entrevistas e 162 (13,8%) não aceitaram colaborar neste estudo. A escolha do lar foi aleatória nas listas telefónicas e o entrevistado, em cada agregado familiar, o elemento que fez anos há menos tempo, e desta forma resultou, em termos de sexo: feminino — 51,4%; masculino — 48,6% e, no que concerne à faixa etária, dos 18 aos 30 anos — 16,9%; dos 31 aos 59 — 50,9%; com 60 anos ou mais — 32,2%. O erro máximo da amostra é de 3,09%, para um grau de probabilidade de 95%. Um exemplar deste estudo de opinião está depositado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (Expresso)

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