Em apenas um ano, desapareceram mais de 28 mil empresas do país, mas quase 90% destes encerramentos resultaram da limpeza de ficheiros feita pelos serviços do Instituto dos Registos e Notariado (IRN). Trata-se de um pico sem precedentes nos últimos cinco anos, já que, em média, eram extintas administrativamente cerca de 12.300 empresas – ou seja, menos de metade do verificado em 2014. Apesar deste pico, a criação de novos negócios voltou a superar as dissoluções, ultrapassando os 33 mil. Dados cedidos ao PÚBLICO pelo Ministério da Justiça (que tutela o IRN) mostram que, entre Janeiro e Dezembro de 2014, foram dissolvidas 28.423 empresas, das quais 25.446 através dos Procedimentos Administrativos de Dissolução e Liquidação de Entidades Comerciais (RJPADLEC), um regime criado em 2006 para limpar dos ficheiros milhares de entidades “fantasma”, que já não tinham actividade mas continuavam a viver nos registos. Houve uma grande vaga de extinções através deste mecanismo logo em 2008 e 2009, mas, com o passar dos anos, este movimento perdeu intensidade, até porque foi diminuindo o número de casos que se encaixavam no perfil da dissolução oficiosa. O RJPADLEC pode ser accionado quando, por exemplo, as empresas não depositam as contas durante dois anos consecutivos ou quando o fisco comunica ao IRN a ausência de actividade (um trabalho da jornalista do Público, RAQUEL ALMEIDA CORREIA, com a devida vénia)