segunda-feira, março 16, 2015

Jornalismo: "Vida de Rima fora da TV: um livro, dois cursos, dois filhos e Gandhi"

"Jornalista libanesa tornou-se famosa por cortar o som a líder islamita que deu a entender serem as mulheres a ter de se calar sempre. Quer mudar o mundo e diz estar desiludida com a religião. "A palavra arrependimento não existe no meu dicionário. Acho que erros, até vícios, são bênçãos. São lições de que sempre nos lembraremos." Rima Karaki não está a comentar a forma abrupta como tirou do ar um líder islamita que a mandou calar. Aliás, ninguém critica a jornalista libanesa, bem pelo contrário, e a verdade é que o vídeo da polémica televisiva teve mais de oito milhões de visualizações no YouTube, beneficiando muito de ter sido divulgado no Dia da Mulher. A frase citada é de uma entrevista dada semanas antes de a fama de Rima ter ultrapassado as fronteiras do mundo árabe, uma conversa com a Fit"n Style, revista feminina libanesa. E ficamos a saber que em criança sonhava ser juíza, que fez duas licenciaturas, que além do árabe é fluente em inglês e francês, que tem dois filhos ("dois anjos"), que acha que um casamento só resulta se houver amor e que os pais não gostaram da aposta no mundo da televisão, preferindo que a jovem Rima tivesse mantido "um muito bom emprego" no banco nacional. Há mais de uma década que Rima Karaki é uma figura popular da TV libanesa, com programas de sucesso que lhe deram já prémios. Agora brilha em Bidoun Za"al, emitido pelo canal Al-Jadeed, onde costuma surgir sem véu, o qual por vezes põe a pedido de entrevistados muçulmanos mais conservadores. Foi o que aconteceu com Hani al-Sibai - refugiado na Grã-Bretanha desde que saiu do Egito em 2010 para fugir ao tribunal -, que no programa que correu mal (emitido antes de dia 8) estava a ser questionado por Rima sobre haver cristãos a voluntariar-se para o Estado Islâmico" (texto do jornalista do DN de Lisboa, Leonídio Paulo Ferreira, com a devida vénia)