“Uma equipa de arqueólogos dirigida por Ken
Dark tem estado a TRABALHAR EM Nazaré, uma cidade no norte de Israel, e
acredita ter identificado uma casa onde é possível que Jesus tenha crescido. O local da casa onde se pensa ter vivido Jesus
fica a apenas 100 metros de distância. Existem duas casas na cidade de Nazaré, em
Israel, que foram construídas no primeiro século depois de Cristo. Para este
grupo de arqueólogos, uma delas pode ser a casa de José e Maria e o lugar onde
cresceu Jesus. Esta descoberta foi adiantada em publicações científicas como a
Biblical Archaeology Review, citada pela Business Insider. A casa estudada pelos arqueólogos foi
construída com pedra e argamassa, na encosta de um grande rochedo. A sua
existência já era conhecida, uma vez que fora descoberta e escavada no século
XIX por um grupo de freiras do Convento de Irmãs da Nazaré, mas só agora é que
foi possível comprovar a idade arqueológica da construção, fazendo-a coincidir
com o período em que Jesus viveu. Para Ken Dark, um professor da Universidade de
Reading, no Reino Unido, que dirigiu a equipa de arqueólogos, a casa que
estudaram pode ser o lugar onde Jesus viveu os primeiros tempos da sua vida. O
cientista admite que não existem provas suficientes que possam confirmar esta
afirmação, mas “não existe qualquer motivo arqueológico para que esta identificação
seja descartada”.
Com efeito esta casa foi identificada nos
primeiros séculos do Cristianismo como sendo o local onde os pais de Jesus,
José e Maria, teriam vivido. De tal forma que, durante o Império Bizantino, no
qual Nazaré se integrava até à conquista árabe no século VII, foi construída
uma igreja no local, o que em parte explica que a construção original datada do
século I tenha sido parcialmente preservada até hoje. A casa foi então decorada
com mosaicos a fim de protegê-la. Mais tarde, no século XII, quando os cruzados
invadiram a Terra Santa, a igreja bizantina, que tinha sido abandonada e estava
em ruína, foi reconstruída. Estes são alguns dos elementos que ligam os atuais
vestígios de uma habitação datada do período em que Jesus viveu com a
possibilidade de ser o local em que cresceu. Afinal era essa a crença de
cristãos que viveram num período relativamente daquele em que o fundador do
Cristianismo terá andado por aquelas terras, montes e vales.
Depois da descoberta inicial das freiras do
Convento de Irmãs da Nazaré, o padre jesuíta Henri Senès visitou o local de
1936. Apesar de não haver documentos publicados sobre as suas explorações, o
padre deixou informações descritivas detalhadas sobre a casa, que foram
guardadas pelas freiras. O local e esses documentos ficaram disponíveis para
análise em 2006, o que permitiu aos arqueólogos reconstruir a história do local
desde o primeiro século até hoje.
Na alegada casa de Jesus foram encontrados
artefactos domésticos, o que sugere a permanência de uma família naquele lugar.
Os vasos de calcário sublinham a ideia de que essa família seria judia, pois
cumpririam hábitos comuns nas comunidades judaicas desse período. A casa contém diversas divisões, uma das quais
continua quase intecta. Ela terá sido abandonada ainda durante o primeiro
século da nossa era e, a partir desse momento, o local utilizado como pedreira
e, mais tarde, como cemitério. Mais tarde, já na época bizantina, foi aí
construída uma Igreja, que ficou conhecida como da Nutrição. Abandonada e
destruída no século VIII, após a conquista árabe, foi reerguida 500 anos mais
tarde pelos cruzados. Um século depois, quando estes foram expulsos da Terra Santa,
essa igreja foi queimada. Os mosaicos com que, no tempo bizantino,
decoraram o local ofereceram uma “excelente proteção”, como explica Dark, o que
justifica em parte a sobrevivência das ruínas em tão boas condições. Refira-se
ainda que entre a documentação que sustenta a ligação entre este local e aquele
onde a família da Jesus poderá ter vivido está um texto escrito em 670 d.C. da
autoria de Adomnàn, um bispo irlandês, sobre uma igreja “onde havia uma casa
onde o Senhor foi alimentado durante a sua infância”. Nas imediações da casa existe um túmulo, que
os cruzados acreditaram ser o da sepultura de José, pai de Jesus segundo o
Cristianismo. Mas é improvável que assim seja: “o túmulo data de uma época posterior
ao abandono da casa”, explica o arqueólogo responsável pela descoberta. Na região da atual cidade de Nazaré – hoje uma
cidade israelita onde a maioria da população é árabe e que se tornou num centro
de peregrinação cristã, pois é nela que se encontra a Basílica da Anunciação -,
os arqueólogos também muitos vestígios datados da época em que Jesus viveu,
vestígios esses que indicam poder essa povoação bíblica ser bem maior do que a
pequena aldeia descrita no Novo Testamento. Há também sinais de que o local,
nomeadamente a Igreja da Nutrição, poderá ter sido um local de peregrinação com
alguma importância na época bizantina. Dark e a sua equipa descobriram também
elementos que os judeus que viviam nesta zona nos primeiros tempos da ocupação
romana podem ter resistido de forma especialmente tenaz às novas normas
impostas pelo Império. Essa dedução foi feita a partir da interpretação de
muitos locais arqueológicos descobertos num vale próximo da atual cidade de
Nazaré. A equipa de arqueólogos conta publicar em
breve mais dados relativos às suas investigações” (fonte: Observador)