quinta-feira, julho 03, 2014

Função pública: como vai ser o novo corte salarial



“Este mês de junho, milhares de funcionários públicos viram o seu salário regressar ao valor de 2010. Esta situação manter-se-á em julho, mas a partir daí os cortes salariais poderão regressar, ainda que tudo aponte para que não haja condições para o fazer antes de setembro. Tudo depende do tempo que vai ser necessário para discutir, votar, aprovar, promulgar e publicar a lei que pretende repor o esquema de reduções remuneratórias que vigorou de 2011 a 2013. Veja o que propõe o Governo.
Salários abrangidos
A proposta de lei que está a ser discutida com os sindicatos recupera os cortes salariais desenhados ainda pelo último Governo de José Sócrates. Assim, à remuneração mensal ilíquida superior a 1500 euros, será aplicada uma redução de 3,5%. A esta taxa acresce uma outra, de 16%, que incide sobre a parte das remunerações que exceda os 2 mil euros e não ultrapasse os 4165 euros. A partir deste valor aplica-se uma taxa única de 10%.
Remunerações consideradas
Para a soma das remunerações mensais e cálculo da taxa a aplicar são contabilizados os suplementos remuneratórios, emolumentos, gratificações, senhas de presença e trabalho suplementar ou extraordinário. De fora ficam os subsídios de refeição e de transporte, ajudas de custo e reembolsos de despesas.
Entrada em vigor
Não se sabe ainda em que data começam a ser aplicados estes "novos" cortes, mas o processo legislativo que é necessário observar não deverá permitir que antes de setembro a medida possa entrar em vigor. Até lá, os funcionários públicos receberão o salário pelo valor que estava definido em 2010, incluindo o subsídio de férias que foi pago este mês, e os duodécimos que forem abonados durante todo este período.
Reversão dos cortes
A proposta estipula que estes cortes são temporários e abre caminho para que comecem a ser repostos. Em concreto determina-se que 20% da redução seja revertida a partir de janeiro de 2015. Nos anos seguintes, esta reposição será feita "em função da disponibilidade orçamental".
Novas medidas
Os cortes para os salários superiores a 1500 euros visam compensar parcialmente o "gap" orçamental resultante da declaração de inconstitucionalidade da redução que estava a ser aplicada desde janeiro a todos os funcionários públicos com remunerações acima dos 675 euros. O Governo não avança, para já, com outras medidas porque pretende conhecer primeiro a decisão do Tribunal Constitucional em relação, por exemplo, à Contribuição Extraordinária de Solidariedade que incide sobre as pensões superiores a mil euros.
Além disto, o Governo está a iniciar a discussão com os sindicatos sobre a nova tabela remuneratória única e tabela única de suplementos, prevendo-se que estas duas medidas possam ser submetidas à fiscalização preventiva do TC.
ADSE
A subida do salário de junho foi acompanhada por um aumento dos descontos para a ADSE, já que os serviços passaram a aplicar a taxa de 3,5%, que entrou em vigor a 20 de maio. Além disto, foi também necessário fazer o acerto da subida da contribuição deste subsistema de saúde em relação aos últimos dias do mês passado.
Pensionistas
Para os reformados, o subsídio de férias chega em julho, sendo pago de uma vez só. A este 13º mês será aplicada a Contribuição Extraordinária de Solidariedade, cujo cálculo e valor é igual ao que incide sobre a pensão mensal. O subsídio de Natal continuará a ser pago em regime de duodécimos” (Texto: Dinheiro Vivo, com a devida vénia)