Segundo
o Jornal I, “os portugueses estão com o Tribunal Constitucional (TC). O
universo de inquiridos que se põem ao lado dos juízes do Palácio Ratton não
deixa margem para dúvidas sobre o apoio que as suas decisões recolhem: mais de
70% consideram que têm feito o melhor juízo na avaliação dos vários diplomas. Para
35,6% dos inquiridos, o apoio é contido: as decisões não são mais que
razoáveis. O resto do grupo divide-se entre a opinião de que as posições do TC
são "boas" (29,4%) e "muito boas" (6,1%). Comparativamente
com estes resultados, é muito pequena a franja de portugueses que discordam das
avaliações de alguns ou dos oito chumbos que o TC já decretou relativamente a
diplomas apresentados pelo governo de Pedro Passos Coelho. Entre "más"
(13,6%) e "muito más" (8,3%), o universo de críticos não vai além dos
21,9%. Da
mesma forma que se manifestam favoráveis às decisões que ditaram chumbos a três
dos Orçamentos do Estado apresentados pelo actual governo (todos eles acabaram
com normas chumbadas no teste da constitucionalidade), a maioria dos
portugueses considera que a última decisão não justifica um pedido de demissão
do executivo.
O
valor é menos expressivo que o da pergunta anterior, mas, ainda assim, são
57,9% os inquiridos que defendem a continuação do governo até ao fim da
legislatura - quando ainda falta apresentar um Orçamento do Estado. Na semana
em que o PCP pediu uma audiência ao Presidente da República, por, entendem os
comunistas, estar em causa o "regular funcionamento das instituições",
33% dos inquiridos secundam a posição do partido defendendo que o governo deve
mesmo demitir-se.
Quando
confrontados com uma pergunta diferente sobre o futuro do governo, a divisão de
posições não é tão clara. "Num cenário de mais um grande aumento de
impostos, deve o Presidente da República dissolver o parlamento e convocar
eleições?", perguntava-se aos inquiridos. Neste caso, em que a carga
fiscal entra na equação e o protagonismo é dado ao chefe de Estado, os
apoiantes da dissolução e os defensores da continuidade ficam a apenas um ponto
de distância. A
vantagem, ainda que ligeira, vai em sentido contrário ao que resultou do
cenário de demissão por vontade do executivo: 45,7% defendem que, se o caminho
passar por um aumento de impostos sobre os contribuintes - como o TC sugeriu no
seu último acórdão -, Cavaco deve avançar para eleições antecipadas, depois de
dissolver a Assembleia da República. Na prática, a divisão não espelha mais que
um empate técnico, pela proximidade a que os opositores de uma crise política
se encontram (44,7%).
Em
clima de guerra aberta com os juízes do Constitucional, o tom do discurso do
governo assenta na ideia de que a coesão existe e é à prova de todas as
adversidades. "A determinação do governo mantém-se", disse esta
semana o primeiro-ministro. E do lado do CDS? Até ao último chumbo do TC, os
centristas vinham insistindo na necessidade de aliviar a carga sobre os
contribuintes, e o IRS surgia na dianteira dos impostos a baixar. Se o caminho
for em sentido contrário, os ministros do parceiro menor da coligação, com o
vice-primeiro-ministro à cabeça, poderiam voltar a forçar a corda e a ruptura
poderia voltar a manifestar-se. Uma situação muito pouco desejada por 45,5% dos
inquiridos, para quem o CDS deve manter-se no governo. Mas, mais uma vez, os
resultados polarizam-se. Desde logo, porque 41,7% das respostas defendem que o
partido de Paulo Portas deve bater com a porta”