Segundo o Expresso, "Passo Coelho continua debaixo de fogo dos editorialistas e demais comentadores da imprensa diária. Críticas aos juízes revelam estratégia errada e anunciam maus resultados nas urnas, argumentam. O que têm em comum Passos e Berlusconi? Para o professor universitário e antigo deputado do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza, muito mais do que possa parecer à primeira vista. É que, ao criticar os juízes e ao avançar com um pedido de aclaração, o primeiro-ministro português cola-se ao ex-chefe do Governo italiano. Escreve José Manuel Pureza esta sexta-feira ano "Diário de Notícias": "Passos Coelho decidiu imitar Berlusconi. O personagem acusava os juízes de serem todos de esquerda e, por isso, o perseguirem abusando da lei. Passos Coelho não faz menos do que isso: o pedido de aclaração é a versão cínica do primarismo berlusconiano contra os juízes". "Cá na minha, imitar Berlusconi, além de mau gosto, é mau sinal. Aclara que não se olhará a meios para atingir os fins. E essa aclaração, bem que a dispensávamos", remata. Mas será que Passos Coelho corre mesmo o risco de ser dispensado? É muito provável se não avançar, quando antes, para uma revisão profunda da Constituição, defende o subdiretor do "Jornal de Notícias". "Em vez de cometerem o erro clássico de confundir a mensagem com o mensageiro e caírem na tentação de mandar bardamerda o Tribunal Constitucional, PSD e CDS têm de compreender que os vetos sucessivos são apenas fumaça que esconde o real problema: a Constituição de 76 precisa de emenda urgente, quem sabe se até mesmo de uma emenda total", escreve Jorge Fiel. "O nosso futuro precisa que PS, PSD e CDS se sentem rapidamente à mesa e comecem a preparar uma profunda Revisão da Constitucional. Se não o fizerem, correm o sério risco de que o povo, que é sereno mas não gosta de ser sequestrado, se chateie e nas próximas legislativas faça massivamente greve ao voto nos partidos do arco da governação", antecipa o subdiretor do "JN". Para evitar tais danos, deveria ter sido essa a estratégia seguida pelo chefe do Executivo, defende o "Diário Económico" em editorial. "Além da pressão pública, a intenção do primeiro-ministro é culpar o Constitucional por novas medidas de austeridade. Porém, desde o início que Pedro Passos Coelho usou a estratégia errada. Mais do que uma guerra com o Constitucional, deveria ter agarrado o PS ao cumprimento do plano de austeridade. Os juízes nunca teriam coragem de afrontar uma larga maioria. Agora é demasiado tarde", poder ler-se esta terça-feira no "DE". Já o "Público", também em editorial, diz que "a polémica entre Governo e Tribunal Constitucional, que agora envolve de modo eruptivo a oposição, lembra os amuos de um jardim infantil". "À célebre máxima de Francisco Sá Carneiro "Uma maioria, um Governo, um Presidente" é preciso acrescentar agora 'e um TC'. Porque, como se configura, nunca há maioria suficiente para governar em total descanso. Excetuando as ditaduras", acrescenta o editorialista. "Se Passo Coelho quer juízes melhores, é bom recordar que também os portugueses clamam há muitos anos por governantes melhores e uma oposição melhor, sem que a sorte lhes assista. Não está, pois, sozinho na desventura. Com uma diferença: aos portugueses, já faltam forças para birras", remata. Ferreira Fernandes, no "DN", não podia estar mais de acordo: "Em vez de críticas, calharia bem aplausos: juízes mais bem escolhidos é um desejo legítimo. Tal como um Passos mais bem escolhido, quem nos dera."