Segundo
o Sol, “quatro em cada 10 dos portugueses com convicções políticas de direita e
inquiridos para um estudo sobre os 40 anos do 25 de Abril consideram que a
Constituição deve ser alterada e dizem-se insatisfeitos com a democracia. De
acordo com os resultados de um inquérito conduzido pelo Instituto das Ciências
Sociais e hoje apresentado na conferência "25 de Abril, 40 anos", 40%
dos portugueses que preferem os partidos actualmente no Governo querem que a
lei fundamental do país seja mudada. Mariana Costa Lobo, que apresentou o
estudo na conferência organizada pelo Instituto de Ciências Sociais, pelo
semanário Expresso, pela SIC Noticias e pela Fundação Calouste Gulbenkian,
adiantou que os dados revelam que há uma insatisfação com a democracia actual. A
Constituição da República foi aprovada a 2 de Abril de 1976 e sofreu sete
revisões desde essa data, três mais abrangentes e quatro mais curtas,
relacionadas com a adesão a tratados internacionais. Na última revisão, em
2004, as principais alterações visaram dar mais autonomia às regiões autónomas,
substituindo o "ministro da República" por "representante da
República" e dando mais poderes às assembleias regionais. Segundo o
estudo, para o qual os inquiridos foram questionados acerca dos legados da
Revolução de Abril e a actual conjuntura, os portugueses com convicções mais à
esquerda acham que a troika está a destruir o regime.
O
inquérito revela também que a imagem do 25 de Abril tem sofrido com a crise
económica que actualmente se vive, além de demonstrar que há uma clivagem
política entre esquerda e direita quanto aos ideais de Abril. Em 2004, altura
em que foi realizado um estudo semelhante, o resultado mostrava que as
diferenças entre partidários de esquerda e de direita não eram tão notórias. De
acordo com o estudo, metade dos inquiridos são de opinião que os objectivos do
25 de Abril passaram pela instauração de um regime democrático, enquanto 45%
acreditam que se queria acabar com a guerra colonial. Trinta e nove por cento
considera a modernização e o desenvolvimento do país como um objectivo da
Revolução dos Cravos, enquanto 36% acredita que se queria promover mais a
justiça social no país. Este
ano, 11% dos inquiridos salientou que se queria instaurar no país um regime de
tipo comunista, quando que, em 2004, somente 5% pensava desta forma”