Diz o Jornal I que “Portugal está hoje no plano
económico melhor que no período da ditadura. Isso, contudo, não significa que
os decisores da actualidade sejam também melhores. Os políticos de agora são
menos honestos e não têm a mesma capacidade de liderança. Segundo uma sondagem
i/Pitagórica, os portugueses confiam menos na seriedade da classe política de
hoje do que na do regime derrubado em Abril de 74. E os números são
expressivos. 46,5% dos portugueses consideram que, numa comparação directa
sobre a seriedade dos políticos da ditadura com os actuais, os do
"antigamente" eram mais honestos. Em segundo lugar surgem os que não
sabem responder ou não responderam, com 35,8%. Ou seja, apenas 17,7% consideram
viver hoje num país governado com líderes mais sérios a ocupar os cargos
políticos. Os inquiridos também não têm dúvidas sobre a capacidade de liderança
da classe política: 43,2% afirmam que os governantes da ditadura tinham uma
preparação e uma capacidade para liderar superiores aos actuais. Nesta
comparação, surgem em segundo lugar os que acreditam nos políticos de hoje:
33,1%. Os restantes 23,7% não sabem ou não responderam. Mas nem tudo era melhor
e os portugueses acreditam que, pelo menos do ponto de vista económico, o 25 de
Abril de 1974 valeu a pena. Metade dos inquiridos (49,9%) admite que o país
está economicamente melhor do que estava no período da ditadura. Uma posição
contrária é defendida por 34,9% e 15,2% da população não sabe ou não respondeu.
A liberdade de expressão é outra das mais-valias da
democracia. Segundo a sondagem i/Pitagórica, a maioria dos portugueses
considera ser livre de expressar hoje o seu pensamento político (63,1%). Ainda
assim, há uma grande percentagem que não se sente à vontade para dizer o que
pensa. Quase 37% admitem que os portugueses não são livres de expressar
opiniões sem sofrer consequências. São os que têm mais de 55 anos, de classe
social baixa, e os residentes em Lisboa e Algarve que admitem haver hoje
liberdade de expressão. Por outro lado, os jovens de classe média e residentes
nas ilhas são os que prevalecem entre o grupo dos que consideram não existir
liberdade total.
A CONQUISTA DA DEMOCRACIA
A liberdade de expressão não foi sequer a grande
mais-valia da democracia. Boa parte dos portugueses (37,3%) considera o Serviço
Nacional de Saúde a maior conquista social. A igualdade entre homens e mulheres
surge em segundo lugar, com 25,2% antes de ganhos como o acesso generalizado à
educação (12,6%), a segurança social (11%) ou mesmo acontecimentos como a
entrada para a União Europeia (9,4%). É no fim da tabela que surge a liberdade
de expressão, apontada por 1,2% dos inquiridos. Mais de 3% disseram não saber
ou não responderam”