sábado, março 22, 2014

Um laspo que não pode ser escândalo

De repente, até parecia que havia um "escândalo" qualquer por causa de uma situação que no jornalismo é perfeitamente recorrente e que, neste caso - hoje com o JM - resultou apenas de uma falta de atenção redobrada. Que não houve e devia ter havido. O que houve foi ingenuidade ou falta de cautela.
Durante anos, quando trabalhei numa agência de notícias, foram imensas as notícias publicadas na rede dsa agência com a indicação de embargo até determinada hora. Estou a falar de takes noticiosos que antecipadamente trabalhavam discursos ou notícias, uma "praxis" perfeitamente normal no jornalismo. Todos os meios de comunicação social da Madeira, repito, todos os meios de comunicação social já receberam informação e documentos embargados.
O que parece que aconteceu neste caso, segundo me informaram, foi que as conclusões do Conselho Regional do PSD- e ninguém acredita que neste tipo de reuniões, tais como congressos ou outras reuniões, as conclusões sejam feitas na hora e não são preparadas com antecedência, sendo o "draft" passível de mudança, aditamentos ou de alterações (situações que no caso do CR do PSD já aconteceram antes)
Nas reuniões do Conselho Regional, desde que me lembro delas, é distribuído aos seus membros uma proposta de Comunicado Final do qual constam em geral todos os assuntos mais importantes ocorridos entre duas reuniões e que são objecto de atenção do Presidente da Comissão Política na intervenção que faz durante os  trabalhos.
Foi sempre assim. Este tipo de documento - e sei do que estou a dizer - em várias ocasiões foi distribuído por email com embargo, na véspera ou mesmo dois dias antes, a vários meios de comunicação.
Qual a razão? Facultar aos jornalistas conhecimento antecipado dos temas e dar-lhes, e bem, condições para que antecipadamente tenham conhecimento dos itens incluídos no documento, com o compromisso de que não fazem qualquer divulgação do mesmo.
O que se se terá passado hoje, na reunião do Conselho Regional, é que esse comunicado originalmente mantido com embargo até as 13 horas de sábado, foi divulgado online pela página do JM ainda estava a reunião a realizar-se o que obviamente criou uma situação incómoda e inconveniente. Dada a excepcionalidade desta reunião e de tudo o que esteve subjacente a ela, incluindo interesses que nada têm a ver com o PSD, mas em linha com toda a especulação, pressão, insinuação e deturpação mantida nos dias que antecederam o Conselho, era inevitável que, até pela previsível proliferação de intervenções, o  cuidado devesse ter sido maior e não foi. Esse foi o único erro. Que pode levar - devia levar - a que a prática de facultação de documentos com embargo, deixasse de ser seguida, quer no PSD regional, quer em entidades oficiais, para evitar porventura lapsos idênticos.
Aliás, há outras situações que devia ser objecto de rigorosa exigência. Falo, por exemplo, de deslocações de profissionais a convite de uma entidade qualquer, o que obriga a que todas as notícias identifiquem essa realidade, com a inclusão no final dos textos da frase "o jornalista do XXX viajou a convite de YYY". Que eu saiba, ninguém se incomoda muito com isso...