sexta-feira, março 07, 2014

Passos acerta na "picadela" a Seguro



Passos Coelho, ressalvando as críticas que lhe faço, e continuarei a fazer, voltou a superar Seguro no último debate na Assembleia da República. Até percebo o episódio com o Bloco de Esquerda. Se um pequeno partido da oposição vai para um debate parlamentar e usa os mesmos argumentos, sobretudo a mesma linguagem, que qualquer cidadão pode usar fora das instituições, como é o caso das redes sociais ou mesmo de textos opinativos identificados publicados na imprensa, obviamente que no plano institucional da política -que existe - a opção tomada por Coelho é uma delas. Diga o Bloco o que disser, faça o "show off" que fizer, pensando mais na comunicação social e em ganhar, através dela, apoio eleitoral que reconhecidamente vem perdendo, aceleradamente.

Mas quando digo que Passos ganhou a Seguro - aliás tal como sempre acontece – esta constatação resulta do fato de que o líder do PS mais do que um repetido vazio de ideias e de alternativas que possam ao menos ser pensadas pelos portugueses. Coelho acusou diretamente o PS de não querer reunir com o governo de coligação para obtenção de um consenso alargado, seja a que pretexto for, porque, segundo ele, os socialistas não querem ficar associados a medidas de austeridade e a mais cortes que venham a ser aprovados. Tudo por causa de eleições.

Se colocarem o Estado - aquela lenga-lenga do costume - à frente dos interesses partidários, o que para mim não passa de uma patachada, obviamente que seria recomendável e positivo que os principais partidos nacionais – abrangidos por aquela expressão elitista de "partidos do arco da governação" - se entendessem, num quadro mais alargado de várias legislaturas, sobre medidas essenciais da política orçamental.

Mas como o governo de coligação, pelo autoritarismo, pelo autismo, pela arrogância, pelo auto-convencimento patético, pelo uso da política do "quero, posso e mando!" assente na maioria parlamentar folgada que possui na Assembleia da República (onde quem não cumprir é alvo de processo disciplinar e de ostracização na respectiva bancada), andou quase três anos a se borrifar para o PS, é de prever que tal desfecho não se concretize.

A verdade é que o governo de coligação, precisa agora de um entendimento à força com os socialistas, sobretudo devido à pressão de entidades externas e dos credores estrangeiros - na verdade existem culpas da maioria pela situação criada – as coisas complicam-se porque os socialistas dizem que só cedem depois de eleições, transferindo assim para Cavaco a pressão. Pessoalmente não acredito que esta situação se altere, use a coligação no poder (e Cavaco Silva) a ladainha que quiser. Por isso, a um ano, mais coisa menos coisa, de eleições legislativas – se não forem antes... - é natural que o PS tenha a atitude que tem tido, de puro oportunismo político e resguardo dos seus interesses eleitorais. Resta saber se isso lhe propiciará alguma mais-valia quando esse tempo de decisão chegar. Seguro não é capaz de disfarçar que assume essa postura, não por convicção, nem por não reconhecer a utilidade desse diálogo, mas por temer ser penalizado eleitoralmente a favor da esquerda, particularmente do PCP, e da abstenção.