Lembra o Dinheiro Vivo que “mais de um terço dos 217 mil milhões
de euros de dívida pública portuguesa está nas mãos de portugueses. No entanto,
a fatia de leão cabe aos credores oficiais - União Europeia (UE), Banco Central
Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) - que, em conjunto, detêm
92 mil milhões de euros. Apesar de tudo, é já visível o regresso dos
investidores internacionais à dívida portuguesa. Os não residentes, ou seja,
estrangeiros - excluindo a troika -, detinham já o equivalente a 50 mil milhões
de euros no final do ano passado, ou 23,1% do total. É o montante anual mais
elevado desde 2011. Exemplo desta aposta renovada é o fundo soberano da Noruega
que, depois de se ter desfeito de todos os títulos, fechou 2013 com uma
exposição de 52,4 milhões.
Também entre os investidores nacionais tem havido reforço. Entre
bancos, seguradoras e retalho, os domésticos detinham 74,31 mil milhões de
euros em títulos, o que representa 34,4% do montante total, de acordo com os
dados do IGCP, relativos ao final de 2013. No caso das instituições
financeiras, a Autoridade Bancária Europeia revelou no seu último exercício de
transparência que os bancos portugueses detinham um total de 26,2 mil milhões
de euros em dívida portuguesa no final do ano passado. Já a Associação Portuguesa
de Seguradores revelou que a carteira das seguradoras era composta por 9,4 mil
milhões de euros de dívida pública nacional. As seguradoras têm vindo a
aumentar fortemente a sua exposição a Portugal, sendo que em apenas quatro anos
quintuplicaram o seu investimento. A estes dois montantes juntam-se as compras
de obrigações que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social já
#começou a fazer e as poupanças que os portugueses têm aplicado em
certificados.
Mas a maioria da dívida portuguesa continua nas mãos dos credores
oficiais, adquirida seja via empréstimos oficiais, seja através das compras
feitas pelo BCE em mercado secundário. Contas feitas, a troika (UE, FMI e BCE)
é responsável por 42,5% da dívida nacional, o equivalente a 92 mil milhões de
euros. No final do ano passado, a UE e o FMI detinham 72 mil milhões de euros
em títulos portugueses, representativos de 33,3% do total. O BCE tem a menor
fatia: 19,8 mil milhões de dívida (9,2%)”