Li
no Dinheiro Vivo que “o fundador do Banco Privado Português (BPP), João
Rendeiro, esteve entre 22 de fevereiro e 1 de março na Áustria, período durante
o qual se realizaram sessões de julgamento do caso Privado Financeiras, no qual
é arguido. A informação consta dos autos do processo-crime onde outros dois
antigos gestores do BPP, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital, também são
acusados pelo Ministério Público (MP) de burla qualificada em co-autoria. Os
advogados de defesa de Rendeiro informaram o coletivo de juízes desta viagem,
indicando os contactos do hotel austríaco escolhido por Rendeiro e
acrescentando que o mesmo tinha consigo o seu telemóvel, para a eventualidade de
o tribunal pretender falar com ele.
Também
se disponibilizaram para fazer a ponte entre o tribunal e o arguido, caso o
coletivo de juízes considerasse necessário. Na comunicação feita ao tribunal, a
equipa de advogados da PLMJ, liderada por José Miguel Júdice e João Medeiros,
não indica quais os motivos da deslocação de Rendeiro a Áustria mas dizem que o
hotel em causa é o Alpenhof que se situa numa estância de esqui. João Rendeiro,
tal como os outros dois arguidos estão dispensados de comparecer nas sessões do
julgamento, decisão que foi tomada a 20 de fevereiro, dia em que o coletivo de
juízes aceitou os requerimentos apresentados nesse sentido pelos advogados de
defesa. Em dezembro, foi noticiado que o coletivo de juízes considerou que
impor cauções para impedir a fuga dos arguidos não fazia sentido, depois de o
MP apontar para a existência desse perigo, realçando as frequentes deslocações
ao estrangeiro, nomeadamente, por parte de Rendeiro. O MP enfatizou também a
transferência de património para fora de Portugal feita nos últimos anos pelos
três arguidos, realçando que têm capacidade para sair definitivamente para o
estrangeiro caso o entendam. Mas os três arguidos mantiveram apenas o Termo de
Identidade e Residência até ao início do julgamento, que arrancou quatro anos
após o início da investigação das autoridades.
Esta
decisão contrariou a pretensão do MP, que pedia uma caução de dois milhões de
euros para Rendeiro, um milhão de euros para Guichard, e 600 mil euros para
Fezas Vital.
Paulo
Guichard reside e trabalha há vários anos no Brasil, tendo ainda participado
nalgumas sessões do julgamento, apesar de ter falhado o arranque dos trabalhos
nas Varas Criminais de Lisboa (com o conhecimento dos juízes). No julgamento do
caso Privado Financeiras, que arrancou em meados de fevereiro, os investidores
deste veículo, entre os quais se destacam Francisco Pinto Balsemão, Stefano
Saviotti e Joaquim Coimbra, alegam que foram lesados em mais de 40 milhões de
euros”