quinta-feira, março 06, 2014

Caso BPP: João Rendeiro passou a última semana numa estância de esqui na Áustria



Li no Dinheiro Vivo que “o fundador do Banco Privado Português (BPP), João Rendeiro, esteve entre 22 de fevereiro e 1 de março na Áustria, período durante o qual se realizaram sessões de julgamento do caso Privado Financeiras, no qual é arguido. A informação consta dos autos do processo-crime onde outros dois antigos gestores do BPP, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital, também são acusados pelo Ministério Público (MP) de burla qualificada em co-autoria. Os advogados de defesa de Rendeiro informaram o coletivo de juízes desta viagem, indicando os contactos do hotel austríaco escolhido por Rendeiro e acrescentando que o mesmo tinha consigo o seu telemóvel, para a eventualidade de o tribunal pretender falar com ele.
Também se disponibilizaram para fazer a ponte entre o tribunal e o arguido, caso o coletivo de juízes considerasse necessário. Na comunicação feita ao tribunal, a equipa de advogados da PLMJ, liderada por José Miguel Júdice e João Medeiros, não indica quais os motivos da deslocação de Rendeiro a Áustria mas dizem que o hotel em causa é o Alpenhof que se situa numa estância de esqui. João Rendeiro, tal como os outros dois arguidos estão dispensados de comparecer nas sessões do julgamento, decisão que foi tomada a 20 de fevereiro, dia em que o coletivo de juízes aceitou os requerimentos apresentados nesse sentido pelos advogados de defesa. Em dezembro, foi noticiado que o coletivo de juízes considerou que impor cauções para impedir a fuga dos arguidos não fazia sentido, depois de o MP apontar para a existência desse perigo, realçando as frequentes deslocações ao estrangeiro, nomeadamente, por parte de Rendeiro. O MP enfatizou também a transferência de património para fora de Portugal feita nos últimos anos pelos três arguidos, realçando que têm capacidade para sair definitivamente para o estrangeiro caso o entendam. Mas os três arguidos mantiveram apenas o Termo de Identidade e Residência até ao início do julgamento, que arrancou quatro anos após o início da investigação das autoridades.
Esta decisão contrariou a pretensão do MP, que pedia uma caução de dois milhões de euros para Rendeiro, um milhão de euros para Guichard, e 600 mil euros para Fezas Vital.
Paulo Guichard reside e trabalha há vários anos no Brasil, tendo ainda participado nalgumas sessões do julgamento, apesar de ter falhado o arranque dos trabalhos nas Varas Criminais de Lisboa (com o conhecimento dos juízes). No julgamento do caso Privado Financeiras, que arrancou em meados de fevereiro, os investidores deste veículo, entre os quais se destacam Francisco Pinto Balsemão, Stefano Saviotti e Joaquim Coimbra, alegam que foram lesados em mais de 40 milhões de euros”