Escreve o Jornal I que "entrar para o clube da moeda única foi uma boa opção. Abandonar agora o barco está fora dos planos da maioria. O PCP decidiu falar abertamente do elefante ao canto da sala e, na sua apresentação como cabeça-de-lista da CDU às europeias, em Fevereiro, João Ferreira já se referia à "incompatibilidade radical" que haverá entre Portugal continuar no euro e construir-se um projecto de desenvolvimento democrático para o país. Quase 60% dos portugueses não concordam. O deputado Agostinho Lopes já se tinha referido à saída de Portugal do euro, Jerónimo de Sousa também e, agora, João Ferreira trouxe o tema para a agenda eleitoral. Mas os comunistas não defendem apenas a preparação atempada para uma saída da moeda única - com outro governo que não este que está em funções. Politicamente isolado nesta linha de argumentação, o PCP assumiu também como uma das ideias bandeira para as eleições de Maio a crítica declarada à adesão de Portugal ao clube do euro. "É hoje evidente que a integração de Portugal na União Económica e Monetária e a adesão ao euro foram decisões erradas" e, "como é evidente, o futuro do país é inviável dentro do euro", assumiu João Ferreira. Mas, numa sondagem i/Pitagórica especialmente dedicada às questões europeias, a maioria dos portugueses manifesta-se contra a saída de Portugal do euro. E 25,8% dos inquiridos dizem mesmo "discordar totalmente" dessa opção. Não querem sair, por um lado, e por outro apoiam a decisão dos responsáveis políticos que, na viragem do milénio, optaram por incluir Portugal no grupo dos 11 países que arrancaram com o projecto da moeda única (outros sete vieram juntar-se mais tarde ao clube). São, neste momento, 48,7% os inquiridos que se colocam na linha de defesa da entrada de Portugal, apesar do aumento súbito do custo de vida no país e das desigualdades que se acentuaram entre os 19 países que hoje compõem o grupo da moeda única. Tal como entrar no euro, abandonar agora o barco comunitário da moeda única seria sempre uma decisão com impacto no futuro de gerações, dando o tom sobre o percurso que o país pretende seguir. Ao lado do posicionamento agora mais claro do PCP, em defesa da saída, algumas figuras têm referido esta possibilidade como a solução menos onerosa para que o país enfrente o gigantesco e ainda crescente problema da dívida externa. Logo em Agosto de 2011, em entrevista ao semanário "Expresso", o antigo director do FMI Desmond Lachman punha o problema preto no branco: "Portugal tem fraquezas enormes e eu não percebo como é que vai lidar com elas mantendo-se no euro e sem poder desvalorizar a moeda".