domingo, fevereiro 23, 2014

Socialistas ganham na Europa mas não em Portugal

Segundo a jornalista do Jornal I, Catarina Falcão, "a  sondagem divulgada esta semana pelo Pollwatch 2014, projecto co-financiado pelo Parlamento Europeu para acompanhar as eleições europeias, dá a vitória nas próximas eleições, na globalidade dos 28 estados-membros, aos socialistas - o que faz de Martin Schulz o candidato mais bem posicionado para se tornar presidente da Comissão. De acordo com este inquérito, em Portugal é a coligação PSD/CDS a vencer as europeias, com um ponto de vantagem sobre o PS. O Pollwatch 2014 lançou a sua primeira sondagem - que inclui todos os estados-membros - para as eleições de Maio e, segundo estes números, os socialistas ganharão o maior número de assentos no próximo Parlamento Europeu, com uma ligeira vantagem sobre o Partido Popular Europeu (PPE). Quem também vai crescer nas próximas eleições é o Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (que actualmente integra o Bloco de Esquerda e o PCP), conseguindo mais 22 lugares do que detém actualmente. Excepto estas forças, todas as outras descem no número de parlamentares. A descida não fica apenas a dever-se ao novo número de eurodeputados - actualmente são 766, mas o Tratado de Lisboa, que entra em vigor nestas eleições determina que terão de ser 751 -, mas também ao aumento dos votos em partidos de extrema-direita, extrema-esquerda e movimentos eurocépticos que não têm lugar junto das famílias políticas actualmente representadas no Parlamento Europeu. Neste momento há 30 eurodeputados não inscritos, mas de acordo com os resultados da sondagem passarão a ser 92 após as eleições de Maio. O número mínimo para se constituir uma família política no Parlamento Europeu são 25 eurodeputados, pelo que, à luz desta estimativa, caso as forças dos vários países se entendam, poderá surgir um grupo de extrema-direita. Os investigadores à frente do projecto PollWatch 2014 - Simon Hix, professor na London School of Economics and Political Science, Michael Marsh, professor emérito do Trinity College em Dublin, e Kevin Cunningham, investigador em projectos co-financiados pela Comissão Europeia - apontam que as sondagens e os cálculos sobre a correspondente distribuição do número de lugares no Parlamento Europeu podem ter um desvio de 25 eurodeputados nas duas famílias políticas mais votadas. O PollWatch2014 vai actualizar estas sondagens de duas em duas semanas até Abril, altura em que passará a fazê-lo semanalmente.
PORTUGAL EM CONTRACORRENTE
Em Portugal, a coligação PSD/CDS está à frente na sondagem nacional por 1% (o PS tem 36%), mas elege o mesmo número de deputados que os socialistas: nove para cada lado. Segundo estes resultados, apurados entre os dias 15 e 20 de Janeiro, o PCP mantém os dois eurodeputados que tem actualmente e o Bloco apenas vai conseguir eleger um - na sondagem feita em Portugal apenas quatro listas são tidas em conta. Para o PS, ficar abaixo do PSD, mesmo por uma margem mínima, seria uma pesada derrota - a direcção socialista tem sido pressionada para apresentar uma vantagem significativa sobre a coligação no governo. O PS ainda não apresentou o cabeça-de-lista às europeias.
CASTIGO AOS GOVERNOS
Embora países como Portugal, Espanha e Alemanha mantenham o mesmo sentido de voto nas europeias que nas últimas legislativas, outros países, como o Reino Unido e França, preparam-se para castigar os partidos no poder nestas europeias. O Partido Socialista de François Hollande aparece em terceiro nas intenções de voto dos franceses, com 18%, enquanto em primeiro lugar está a Frente Nacional, partido de extrema-direita de Marine Le Pen, que pode eleger 22 eurodeputados. Em segundo está a União para um Movimento Popular (UMP), partido de Nicolas Sarkozy. Já no Reino Unido é o Partido Trabalhista (centro-esquerda) que tem as melhores perspectivas nestas europeias, conseguindo 32% dos votos. O eurocéptico UKIP é a segunda força mais votada, com 26% e com a possibilidade de enviar 18 eurodeputados para Bruxelas (actualmente tem nove eleitos no Parlamento Europeu). Os conservadores, liderados pelo primeiro-ministro ,David Cameron, são a terceira força, com 23% da preferência dos britânicos. Em Itália, o movimento Cinco Estrelas de Beppe Grillo poderá ser a segunda força mais votada depois dos socialistas, embora a sondagem tenha sido recolhida na primeira semana de Fevereiro, antes da demissão do primeiro-ministro Enrico Letta.
OS EXTREMOS DA EUROPA
Grécia - Tsipras O Syriza, coligação da esquerda radical, continua a ganhar apoio na Grécia e é o partido com maior intenção de voto no país para as próximas europeias, com 30% dos gregos a dizerem que lhe darão o seu voto. O líder, Alexis Tsipras, é o candidato da Esquerda Unitária a presidente da Comissão Europeia. Uma das propostas do Syriza passa por renegociar a dívida externa do país.
França - Antecipar Marine Le Pen espera ter entre “15 e 20 eurodeputados” nas próximas europeias, mas as sondagens mostram que pode ter mais. A líder da Frente Nacional, que recentemente disse que os franceses também deveriam impor quotas de imigração a outros países da UE, diz que uma vitória nas europeias terá de levar Hollande a dissolver  a Assembleia francesa e organizar novas eleições.
Reino Unido - Terramoto O UKIP será, de acordo com a sondagem divulgada pelo PollWatch, a segunda força mais votada no Reino Unido nas próximas europeias e o seu líder, o eurodeputado Nigel Farage, promete “criar um terramoto na política europeia”. A principal reivindicação do partido é a saída do Reino Unido da União Europeia. Farage acusa Durão Barroso e Van Rompuy de terem a Europa “sequestrada”.
Hungria - Fascismo O Jobbik (Movimento por uma Hungria Melhor) é considerado o partido fascista mais poderoso da Europa, tendo conseguido apoio de mais de um milhão de pessoas nas eleições nacionais e sendo actualmente a terceira força no parlamento húngara. A sondagem divulgada pelo PollWatch 2014 confirma o Jobbik como terceira força. Poderá eleger três eurodeputados"