quarta-feira, dezembro 21, 2011

Uma ameaça global

Estamos confrontados hoje com tempos decisivos. Que podem ser históricos. Porque o que está em causa transcende o acordo financeiro entre o Estado e a Região. Pode representar uma ameaça global à Madeira, com repercussões graves até na própria autonomia enquanto princípio constitucional. O descaramento do Estado não tem limites. Pretende impor à Madeira um acordo financeiro rigoroso, obrigando a cortes financeiros assinaláveis, mas ao mesmo tempo que pretende criar obstáculos às transferências financeiras de Lisboa para o Funchal, continua a asfixiar o Centro Internacional de Negócios da Madeira, incentivando – pelo silêncio cúmplice – a mudança das operações da Caixa Geral do Estado, o banco do Estado, para as ilhas Cayman, que até Maio deste ano faziam parte da lista dos “offshores”…
Ou seja, numa escala de 0 a 10, pretendem impor à Madeira responsabilidades da ordem dos 9 ou 10, mas tudo fazem para que as receitas da Madeira, que antes eram de 5 ou 6, não excedam os 2 ou 3. Anualmente estamos a falar de valores da ordem dos 450 a 480 milhões de euros (transferência do Estado e p revisão de receitas do CINM que podem estar em causa, sem que a Região tivesse tempo para encontra alternativas ou negociar compensações). Começo a temer muito, sinceramente, pelo futuro da autonomia regional. E se nestes mais de 30 anos de autonomia foi preciso apelar a toda a capacidade negocial dos políticos com responsabilidades de poder, creio que chegamos a um ponto onde não há mais margem de tolerância para falhanços, nem para cumplicidades com idiotices que num quadro destes são intoleráveis e provocam um enorme desgaste, a par de um asco junto da opinião pública. Não podemos continuar como se tudo continuasse como antes, Muita coisa mudou desde Agosto até hoje, e muita coisa terá que mudar nos próximos anos. Se não aceitarmos essa inevitabilidade, se não percebermos que a Madeira precisa urgentemente um acordo financeiro com o Estado, se não nos empenharmos na busca de um entendimento – pelos vistos cada vez mais imposto pela “troika” que é quem realmente manda em Portugal – então vamos ter problemas complicados.

Sem comentários: