Escreve o jornalista do DN de Lisboa, Carlos Rodrigues Lima, que "o Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP), liderado por Maria José Morgado, vai investigar se alguns arguidos do processo de Aveiro foram avisados de que a Polícia Judiciária estava a fazer escutas aos seus telemóveis. É que, de um momento para o outro, todos mudaram de aparelho, excepto o empresário Manuel Godinho. As suspeitas de fugas de informação para alguns arguidos do caso "Face Oculta" vão ser investigadas pelo DIAP de Lisboa, dirigido por Maria José Morgado. A decisão de enviar as certidões relativas a estes factos para o Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa já foi tomada por Pinto Monteiro, procurador-geral da República. Em causa estão, recorde-se, suspeitas de que, a partir de finais de Junho deste ano, alguns dos arguidos do processo tenham trocado de telemóveis, numa fase em que a investigação era completamente secreta. A súbita troca terá levado os investigadores de Aveiro a suspeitar de fugas de informação da própria investigação, já que terão sido várias pessoas a mudar de número de aparelho de um dia para o outro. Suspeita-se que os arguidos possam ter sido avisados de que estavam em curso escutas telefóni- cas. De acordo com a última edi- ção do semanário Sol, apenas o empresário Manuel Godinho - o único arguido preso preventivamente - manteve o aparelho, trocando apenas de número. Ora, uma vez que a Polícia Judiciária tinha, além do seu número, também o IMEI (International Mobile Equipment Identity, que pode ser visto em qualquer aparelho através de *#06#) do seu telemóvel registado, tal permitiu continuar com as escutas ao empresário. Depois, os investigadores tiveram de identificar os seus interlocutores, refazendo novamente toda a teia de contactos. Segundo aquele semanário, as trocas de telemóveis começaram a 25 de Junho deste ano. Coincidentemente, um dia após uma reunião na Procuradoria-Geral da República, que juntou o procurador de Aveiro, João Marques Vidal, o procurador distrital de Coimbra, Alberto Braga Temido, e Pinto Monteiro. Foi neste encontro que, pela primeira vez, o PGR foi informado da existência de escutas telefónicas a conversas entre Armando Vara e o primeiro-ministro, José Sócrates. Tendo em conta a coincidência, o DN já questionou a Procuradoria-Geral se alguém no interior do MP é suspeito de ter passa- do alguma informação mas, desde a semana passada, que não há resposta à questão. Recentemente, o DIAP de Coimbra acusou um dos arguidos do caso "Face Oculta" de violação do segredo de justiça. A acusação sustenta que o arguido - cujo nome não foi revelado pelo Ministério Público - deu uma cópia de um despacho, que acompanhava os mandados de busca, do procurador de Aveiro à RTP. Além da investigação à eventual fuga de informação para os arguidos, o DIAP de Lisboa vai ainda investigar mais suspeitas de violação do segredo de justiça, estas relacionadas com as notícias publicadas. Paralelamente a estes inquéritos, há ainda outro relacionado com violação do segredo de justiça, mas este nada tem a ver com o processo "Face Oculta". Trata-se, tal como o DN noticiou no passado sábado, de uma conjunto de elementos que os investigadores apreenderam nas buscas a Armando Vara e que dizem respeito a uma processo que está em curso no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Será este mesmo departamento a investigar se houve ou não fugas".
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