segunda-feira, setembro 21, 2009

Opinião: "Repensar o jornalismo"

"Já uma vez aqui dissemos que existe um tabu na Imprensa portuguesa: os jornais não se criticam uns aos outros a não ser em questões de lana caprina (talvez porque os jornalistas receiem não ter para onde ir caso percam o emprego). Na sexta-feira, o DN deu um safanão nesta prática ao divulgar um "email" interno do Público sobre as escutas em Belém. O caso suscita várias interrogações:Devia fazê-lo? Embora eticamente duvidoso não se pode condenar a decisão (não são os jornais que patrocinam violações do segredo de justiça?). Mas a divulgação do "email" aceita-se por outra razão, mais importante: clarificar o tipo de jornalismo que fazemos. Deixemos de lado a questão de saber qual o papel do assessor do Presidente (que deve ser demitido se se confirmar o seu envolvimento) para nos fixarmos na postura do jornal. Se os factos forem correctos a direcção do Público sai muito mal na pintura. A direcção e o jornalismo em Portugal. Porque ocorre num jornal de referência (José Manuel Fernandes um dos melhores editorialistas portugueses); porque os leitores vão perguntar no que podem acreditar; e porque os apaniguados de Sócrates vão dizer: "nós tínhamos razão, o jornal fazia campanha contra o Governo".O jornalismo tem feito um trabalho notável na consolidação da democracia em Portugal. Mas é altura de nós, jornalistas, percebermos que temos de ter o mesmo comportamento (limpo) que exigimos ao resto da sociedade. Se não quisermos ficar com a mesma fama dos políticos" (por Camilo Lourenço, no Jornal de Negócios)

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