quarta-feira, junho 25, 2008

Reformas: custa a acreditar!

Segundo o "Expresso", num trabalho dos jornalistas Anabela Campos e João Silvestre, "José Salter Cid decidiu avançar com um processo contra a PT depois da operadora se ter negado a aumentar-lhe a pensão de reforma de €17,9 mil euros mensais, conforme pretendia. O ex-quadro da Marconi defende que tem direito a receber a título de pensão uma remuneração tão elevada quanto aquela que aufere o trabalhador mais bem pago no activo, com a mesma categoria que tinha quando saiu da PT, em 2007. Salter Cid alega que há um despacho interno da administração da Marconi - onde entrou em 1990 e exerceu funções de marketing e comunicação - que lhe dá razão. Mas contactado pelo Expresso recusou-se a fazer qualquer comentário, afirmando apenas que tentou, sem sucesso, chegar a um acordo com a PT. O ex-secretário de Estado das Comunicações (1990-1991) e da Segurança Social (1994/1995) de Cavaco Silva tinha a categoria de inspector-geral e era presidente da PT ACS quando decidiu avançar para a “suspensão de contrato”, em 2007, uma figura criada para permitir aos quadros da operadora reformarem-se antes dos 55 anos, quando não têm as condições para obter a pré-reforma. Foi este o caso de Salter Cid, que estava no grupo há 17 anos, quando é necessário ter 20 anos de casa para avançar para a pré-reforma. O actual vereador do PSD da Câmara de Lisboa aprovou também enquanto secretário de Estado da Segurança Social, em 1995, o regulamento do Fundo Especial de Melhoria de Segurança Social do Pessoal da Marconi. Um regulamento que, entre outras benesses, permite aos pensionistas da Marconi aplicar, como suplemento extra, uma taxa de 15% sobre o valor da pensão estatutária calculada na data da passagem à situação de pensionista. O Fundo de Melhoria Marconi tinha um passivo de €12,481 milhões no final de 2007. Salter Cid disse ao Expresso não se lembrar bem do conteúdo do despacho, mas admite a possibilidade de o ter feito a pedido da administração da Marconi. Enquanto quadro da PT, Salter Cid trabalhou no grupo cerca de seis anos, já que esteve a maior parte do tempo requisitado como presidente da Comissão de Coordenação de Lisboa e Vale do Tejo, secretário de Estado da Segurança Social e presidente da Companhia das Lezírias (CL).Foi no Governo de Durão Barroso que foi requisitado para presidir à CL. Com ele levou a secretária (salário médio bruto mensal de €3.500) e o motorista (€3.300) que tinha na PT. O Tribunal de Contas levantou questões sobre o salário auferido por Salter Cid (média mensal de €27.500) e a ausência de contrato. Uma inspecção mandada fazer pelo ministro Jaime Silva detectou que o contrato foi assinado quase um ano depois de Salter Cid ter entrado na empresa e foi assinado pelo próprio em nome da CL".

Sem comentários: