Inquiridos dividem-se sobre a situação do ex-primeiro-ministro, mas até uma boa parte (42%) dos eleitores da AD admitem que há condições para Costa assumir o cargo. O facto de o processo de investigação a António Costa, que se iniciou no Supremo Tribunal de Justiça e desceu há um mês para o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), ainda não ter tido desenvolvimentos nem qualquer esclarecimento faz com que os inquiridos se dividam sobre se o ex-primeiro ministro tem ou não condições para ser presidente do Conselho Europeu. Mesmo assim, a maioria (51%) dos inquiridos da sondagem do Cesop – Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica para o PÚBLICO, a RTP e a Antena 1 considera que o antigo chefe do Governo tem condições para liderar esta instituição europeia a partir do Verão mesmo sem que haja esclarecimento da investigação de que é alvo.
O estudo conclui também que 45% dos inquiridos responderam que Costa não tem condições para assumir tais funções, nestas condições em que está implicado na Operação Influencer, ao passo que apenas4% não quiseram responder ou disseram não saber. Entre os que se dizem eleitores do PS, 82% respondem que sim e 16% assumem que não. Se não é surpresa que entre os eleitores da AD a maioria (53%) responda que Costa não tem essas condições e que entre os do Chega sejam três quartos (77%), ainda assim, há42% de eleitores da coligação PSD/CDS-PP que consideram que Costa mantém as condições para assumir o cargo, e 21% de eleitores do Chega que dizem o mesmo.
Entre a maioria dos que dizem que Costa deve poder assumir a liderança do Conselho Europeu, 96% consideram que Portugal deve apoiar a candidatura: a quase totalidade (99%) dos eleitores PS é assim que pensa, ao passo que à direita são ligeiramente mais comedidos. 97% dos eleitores da AD pensa assim, mas só 94% dos eleitores do Chega admitem que o país se deve comprometer institucionalmente nesse processo.
Apesar de a ideia de um futuro europeu a
médio prazo ter sido uma espada sobre a cabeça de António Costa durante a
legislatura passada, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter avisado, logo na
tomada de posse, que, se o primeiro-ministro deixasse o cargo por qualquer
razão, o Parlamento teria que ser dissolvido e o país iria para eleições,
aforma como deixou S. Bento, a reboque da Operação Influencer ameaçou
fechar-lhe aporta em Bruxelas.
Ainda assim, o Presidente da República não
se tem constrangido de quase o "empurrar" para tais funções em
diversas declarações públicas. Por exemplo, em Dezembro, pouco antes de
dissolver o Parlamento, o chefe de Estado desejou que Costa "estivesse em
condições de ter um lugar na Europa". Dias antes admitiu que o então ainda
primeiro-ministro tinha "condições" para presidir ao Conselho Europeu
assim como também podia "ser um bom candidato" presidencial (em
2026).
Ainda este mês, na véspera do Dia da Europa, Marcelo descreveu-o como um "apaixonado pela Europa", elogiou a sua prestação no quadro europeu e reiterou que espera vê-lo a intervir nesse plano. "Tenho repetido que é uma sorte se [o ex-primeiro-ministro] puder continuar a viver intensamente esta problemática a nível europeu", disse o chefe de Estado, perante António Costa, na apresentação do livro O Ano Zero da Nova Europa, de Bernardo Pires de Lima, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa (Público, texto da jornalista Maria Lopes)
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