Marta Temido e Catarina Martins são as mais reconhecidas. Eleitores do PAN, IL e BE são os mais indecisos e menos fiéis. PS longe dos nove lugares de 2019. A uma semana do arranque da campanha eleitoral para as europeias de 9 de Junho, mantém-se o impasse. Se as eleições fossem hoje, a AD e o PS teriam um empate técnico, com a coligação de direita a conseguir uma ligeira vantagem sobre os socialistas, obtendo um resultado estimado de 31% contra 30% para o PS. Bem longe surge o Chega, com 15%, e os restantes ficam abaixo dos dois dígitos: IL com 6%; Bloco, Livre e CDU empatados com 5% – ligeiramente acima da linha de água para eleger –, e o PAN com apenas 1%, o que o deixaria, desta vez, fora do Parlamento Europeu.
A sondagem do Cesop – Centro de Estudos e
Sondagens de Opinião da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1
foi realizada entre 13 e 18 de Maio, na semana em que se realizaram os três
primeiros debates televisivos entre os cabeças de lista dos oito principais
partidos.
Comparando com os valores da votação nas legislativas de Março, o cenário não variou muito: a AD e o PS tiveram um empate técnico nos cerca de 28%, o Chega foi a terceira força política com 18%. Com base na estimativa do Cesop, que tem em conta a distribuição dos indecisos e excluia abstenção, a AD e o PS conseguiriam eleger entre seis e oito deputados, o que significa que os socialistas perderão alguns lugares, já que actualmente têm nove mandatos. A votação do Chega permitiria eleger entre três e quatro candidatos, e os 6% da IL muito provavelmente elegeriam um eurodeputado (João Cotrim Figueiredo), com a possibilidade de chegar ao segundo. Dos três partidos seguintes, a probabilidade de eleger fica-se apenas pelos cabeças de lista, ou seja, Catarina Martins (BE), Francisco Paupério (Livre) e João Oliveira (CDU).
Nas respostas sobre a intenção directa de
voto (que apresenta os dados da abstenção e dos indecisos), a diferença entre a
AD (22%) e o PS (20%) alarga-se ligeiramente – mantendo, porém, o empate
técnico – e o Chega tem 11% e a IL 4%. Depois há um empate nos 3% entre BE,
Livre e CDU; o PAN mantém 1%. Há 18% que assumem não saber; outros10%
responderam que não votam. Para esta sondagem foram contactadas 3439 pessoas,
das quais 965 aceitaram participar e responderam até ao final. Dois terços
(63%) garantem que vão votar, um quinto (18%) em princípio votará e 9% não
sabe. Outros 10%não tencionam ou têm certeza que não votarão.
Apesar de manter a tendência do empate
técnico da última sondagem para as europeias conhecida, inverte as posições. O
estudo da IPESPE Duplimétrica para a TVI/CNNPortugal colocava o PS na frente
com 25% e a AD com 23%, ao passo que o Chega teria 7%, em intenções directas de
voto. Porém, à esquerda, mais nenhum partido deveria eleger eurodeputados.
Eleitores da IL e PAN são os mais
indecisos
Numa análise à transferência de voto,
percebe-se que os eleitores mais fiéis entre o sentido de voto nas legislativas
de Março e o que dizem ser sua intenção em Junho serão os da CDU (84%) – o que
não é uma surpresa – e os da AD (73%), seguidos pelos socialistas (71%), Livre
e Chega (com 68% cada). Só um quarto dos que votaram no PAN dizem que vão
manter o seu voto e a IL apenas segura metade (48%) do seu eleitorado.
Realce para o nível de indecisos: quase
metade dos inquiridos que votaram no PAN em Março (42%) não sabem ainda em quem
votarão; o mesmo acontece com um quarto dos votantes na IL e no Bloco. Estes
dois partidos têm o eleitorado mais “fugidio”: para além dos muitos que estão
indecisos, 20% dos eleitores IL dizem que vão votar na AD; 17% do PAN vão
escolher BE e outros tantos a IL. O Chega perde 12% para a AD.
Catarina Martins e Marta Temido, as mais
reconhecidas
Quando anunciou o nome de Marta Temido
como cabeça de lista pelo PS, o secretário-geral Pedro Nuno Santos não se
esqueceu de colocar em primeiro lugar o argumento de que se trata de um nome e
uma cara muito conhecidos dos portugueses pelo seu trabalho como ministra da
Saúde durante a covid-19. Não se enganou e essa fama não é de agora: apesar do
cargo e da situação difícil do país, Marta Temido era também tida como a
ministra mais popular em plena pandemia, no Verão de 2020; e há um ano, durante
a maioria absoluta e quando já era apenas deputada, o seu nome era mesmo o que,
entre os socialistas, teria melhor resultado numa refrega eleitoral com Luís
Montenegro (sem António Costa), embora perdesse o embate para o
social-democrata.
Uma das perguntas desta sondagem implicava
que, perante cada um dos nomes dos candidatos dos oito maiores partidos, o
inquirido respondesse se não sabia quem é, setinha uma ideia de quem seja, se
sabia quem é, e se sabe por que partido se candidata. Olhando para os valores
das respostas, dir-se-ia que nesta área o empate técnico é à esquerda, entre
Catarina Martins e Marta Temido.
A antiga líder do Bloco de Esquerda
durante onze anos é a candidata mais reconhecida:
88% dizem saber quem é, apenas 8% assumem
que não sabem, e 72% acertaram no partido pelo qual concorre. Será também a
exposição mediática do seu tempo de ministra da Saúde na pandemia que coloca a
socialista Marta Temido no mesmo patamar de reconhecimento público: 85%
respondem saber quem é (apenas 4% têm “uma ideia” e 9% admitem não saber de
quem se trata), e há 72% que identificam correctamente o partido por quem é
cabeça de lista.
No extremo oposto está Pedro Fidalgo
Marques: o cabeça de lista do PAN é desconhecido para 83% dos inquiridos e
apenas 10% dizem saber quem é – mas só 3% acertam no nome do seu partido. Há
também mais de dois terços (71%) que não sabem quem é António Tânger Corrêa e
só um quinto (22%) acerta que é o candidato do Chega. Também apenas20% dos
inquiridos liga correctamente o nome Francisco Paupério ao Livre, já que dois
terços dizem não o conhecer.
O comunista João Oliveira, que chegou a
ser apontado como possível sucessor de Jerónimo de Sousa na liderança do PCP
devido à notoriedade que granjeou pela sua prestação no Parlamento, afinal só
soa a nome conhecido para 37% dos inquiridos e só um terço (33%) acerta no
partido pelo qual concorre.
Outro ex-líder partidário que parece tirar
alguma vantagem desse cargo é o liberal João Cotrim de Figueiredo: além de
reconhecido por 60% das pessoas, cerca de metade (48%) identifica correctamente
que é o número um da IL. O ex-jornalista e comentador televisivo Sebastião
Bugalho anda pelos mesmos valores (63% sabem quem é, 31% não) de quem liga a
cara e o nome, mas consegue ser o terceiro em quem mais acerta no partido
(59%).
Voto em mobilidade pouco conhecido
Nestas eleições, todos os eleitores terão a possibilidade de fazer o seu voto em mobilidade total, isto é, poderão votar, no dia 9, em qualquer mesa de voto em território nacional ou no estrangeiro (nos consulados, postos e embaixadas), sem necessidade de aviso prévio. Porém, as campanhas têm estado mais centradas na possibilidade do voto antecipado em mobilidade, isto é, para quem pretenda votar no domingo anterior, dia 2 de Junho. Talvez por isso, se estime que ainda haja dois terços (64%) dos eleitores que não saberão que podem votar em qualquer mesa de voto sem terem que fazer inscrição prévia.
Ficha técnica
Este inquérito foi realizado pelo
CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1e Público entre os
dias 13 e 18 de Maio de 2024. O universo alvo é composto pelos eleitores
residentes em Portugal.
Os inquiridos foram seleccionados
aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada
de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efectuadas por telefone (CATI).
Os inquiridos foram informados do objectivo do estudo e demonstraram vontade de
participar.~
Foram obtidos 965 inquéritos válidos,
sendo 43% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 32% da região
Norte, 21% do Centro, 33% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2%
da Madeira e 1% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados
de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários, região e
comportamento de voto com base nos dados do recenseamento eleitoral e das
últimas eleições legislativas. A taxa de resposta foi de 28%*. A margem de erro
máximo associada a uma amostra aleatória de 965 inquiridos é de 3,2%, com um
nível de confiança de 95%. Foram contactadas 3439 pessoas. De entre estas, 965
aceitaram participar na sondagem e responderam até ao fim do questionário.
O facto de o dia das eleições ser mesmo no meio de um fim-de-semana prolongado quase no Verão não parece levar os eleitores a optarem por votar noutro local. Entre os que pensam ir votar, a larga maioria pretende fazê-lo no seu local habitual: 69% dizem que de certeza o farão na sua mesa de voto, enquanto 19% dizem que esse é o cenário “mais provável”. Para 6% é mais provável que aproveitem a possibilidade de votar noutro local e há 4% que garantem que essa será a sua opção (Público, texto da jornalista Maria Lopes)
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