Entre o primeiro trimestre de 2022 e igual período de 2024, economia conseguiu acrescentar mais 156 mil empregos ao total nacional, mais 3%. Problema: mais de 78% (122 mil indivíduos) desta criação líquida de emprego ficou concentrada em duas profissões onde imperam baixas qualificações e baixos ordenados. Cerca de 80% da criação de emprego dos últimos dois anos, em Portugal, isto é, desde que começou a crise inflacionista (acelerada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia), é explicada pela criação de postos de trabalho pouco ou nada qualificados.
A "resiliência" e a "força" do emprego, que tantas vezes tem sido destacada por políticos e decisores, é afinal pouco rica em qualificações e está associada a salários normalmente muito baixos, o que também pode ajudar a explicar a baixa produtividade da economia portuguesa. De acordo com cálculos do Dinheiro Vivo (DV) a partir dos novos dados do inquérito ao emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE), ontem divulgados, o emprego nacional voltou a superar a marca dos 5 milhões de pessoas e, ato contínuo, a bater um dos valores mais elevados de sempre neste primeiro trimestre do ano.
Segundo o INE, a economia portuguesa voltou a registar uma criação de emprego aceitável, tendo somado mais 90,2 mil postos de trabalho, uma subida do emprego total de 1,8% face ao primeiro trimestre do ano passado. Atualmente, a economia tem mais de 5 milhões de pessoas empregadas, das quais 85% (4,3 milhões) são trabalhadores por conta de outrem.
No entanto, quando se olha para os últimos dois anos, o período que coincide com a crise inflacionista, que a economia conseguiu atravessar relativamente bem, segundo alguns analistas (Mário Centeno, o governador do Banco de Portugal, defende que a economia conseguiu evitar a recessão por manteve o emprego a crescer), há detalhes que podem suscitar preocupação, pois parecem ser ameaças ao potencial da economia e uma retoma mais forte num futuro próximo.
Desde o primeiro trimestre de 2022 até ao final do mesmo período deste ano, a economia conseguiu acrescentar mais 156 mil empregos ao total nacional, uma criação de emprego superior a 3%. Problema: mais de 78% (122 mil indivíduos) desta criação líquida de emprego ficou concentrada em duas profissões onde imperam baixas qualificações e baixos ordenados. Segundo os dados do INE, o grupo "trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores" liderou, com mais 68,9 mil postos de trabalho criados. Em segundo lugar surge o grupo dos "trabalhadores não qualificados", com mais 52,7 mil empregos criados.
Portanto, nestes dois anos marcados pela crise da inflação e pela subida em flecha dos juros do Banco Central Europeu (BCE), que iniciou o aperto monetário em meados de julho de 2022, as baixas qualificações parecem dominar a dinâmica geral do mercado de trabalho, mas é de destacar, em contrapartida, que o segundo grupo profissional que mais contribuiu para o emprego é o dos "especialistas das atividades intelectuais e científicas", onde foram gerados mais 52,2 mil postos de trabalho. Seja como for, percebe-se que a economia está a manter-se à tona porque continua a criar emprego, mas em setores também eles associados a qualificações mais baixas (DN-Lisboa, texto do jornalista Luís Reis Ribeiro)
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