A vila de Binibeca Vell, na ilha espanhola de Menorca, tem sido um dos destinos mais procurados pelos turistas que procuram passear nas suas ruas estreitas e sinuosas por entre vilas caiadas de branco. Mas, conforme a sua popularidade disparou nas redes sociais, os residentes da conhecida ‘Mykonos de Espanha’ ameaçaram impedir totalmente o acesso à aldeia. “O problema não são os turistas”, disse Óscar Monge, que lidera o grupo que representa os 195 proprietários de Binibeca Vell. Em vez disso, apontou o dedo às autoridades, que abandonaram os moradores enquanto lutavam com o barulho gerado pelo desfile constante de visitantes e pelo lixo que se acumulava diariamente. “Binibeca Vell não é um lugar de aventura, mas é um conjunto habitacional privado onde residem pessoas”, acrescentou Monge.
Este é um debate que está a decorrer em Espanha mas também em grande parte da Europa, à medida que os residentes apelam às autoridades para que façam mais quando se trata de encontrar um equilíbrio entre as suas necessidades e o crescente número de turistas. À medida que as menções a Binibeca Vell se multiplicaram nas redes sociais, o número de visitantes disparou para cerca de 800 mil por ano, com a maioria a chegar entre maio e outubro, indicou Monge. Este ano, são esperados até um milhão de visitantes.
“Se a administração continuar a deixar-nos abandonados, em agosto faremos uma votação entre os proprietários sobre se devemos fechar o empreendimento”, disse. A ameaça surge após anos de reclamações dos moradores. Em declarações ao site de notícias ‘ElDiario.es’ no mês passado, uma moradora manifestou a sua frustração com a forma como os turistas se comportaram enquanto visitavam a aldeia. “Entravam nas casas, sentavam-se nas cadeiras, pegavam nas coisas, subiam nas nossas paredes, faziam festas com bebidas ao ar livre”, denunciou. “Se isso não for regulamentado, acontecerá todo o verão.”
Os moradores começaram a reprimir no ano passado, pedindo aos turistas que visitassem apenas em determinados horários. O horário foi apertado neste mês para pedir que os turistas passem apenas entre 11h e 20h. “Queremos tomar o pequeno-almoço tranquilamente nos nossos terraços e dormir tranquilamente e sem barulho”, disse Monge.
A chefe do turismo do Governo de Menorca, Begoña Mercadal, em declarações ao ‘Eldiario.es’, confirmou que a aldeia tinha o direito de restringir as visitas. “Reconhecemos plenamente que se trata de propriedade privada e, portanto, se quiserem fechá-la, é um direito deles”, disse Mercadal. Monge foi rápido em reconhecer que a decisão de fazê-lo, no entanto, provavelmente prejudicaria as cerca de 100 famílias da região cujos hotéis, bares e lojas de souvenirs dependem do turismo local. “É claro que é uma decisão difícil, mas estamos a ser pressionados a isso.” (Executive Digest, texto do jornalista Francisco Laranjeira)
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