No actual quadro, político, social e eleitoral que “cerca”
o PSD-Madeira e que o condiciona e ameaça fortemente, a unidade interna
ter-se-á agravado, segundo alguns, quando Manuel António Correia recusou uma
atitude de envolvência na candidatura laranja e de apelo ao envolvimento e
mobilização dos seus apoiantes num combate que não terá tréguas de ninguém para
ninguém, um combate que será duro, exigente e agressivo e que vai enfrentar
vários adversários.
Tenho afirmado, e mantenho, que o meu envolvimento
na política activa regional se esgotou em 2014, não apenas por ter sido uma
opção pessoal, mas também por razões acrescidas, decorrentes de outros combates
nem sempre fáceis, particularmente no domínio da saúde. Contudo, nestes tempos
políticos de bipolarização acentuada, de combates que dizem respeito a todos os
social-democratas, de desafios que exigem o envolvimento de todos, nesta
necessidade de mobilização e de combate a todos os ódios, extremismos, novas e
velhas ameaças, ajustes de contas que a política não devia tolerar, muito menos
premiar, intrigas patéticas, frustrações, vinganças pessoais fomentadas via
redes sociais e sob o anonimato próprio dos cobardes, neste tempo sem espaço
para resistências às mudanças ou recusas da renovação, nestes tempos em que a
Madeira precisa de estabilidade e de resolução urgente de muitos problemas que
comportam desafios enormes, em que muito do nosso futuro colectivo estará
colocado em cima da mesa e na agenda das prioridades partidárias e políticas,
acho que nenhum social-democrata pode virar costas e afastar-se quando lhes
pedem que se aproximem.
Se, por exemplo, Miguel Albuquerque entendesse que
precisava do meu contributo, algo que obviamente nunca acontecerá, sentir-me-ia
obrigado a estar disponível porque, repito e insisto, estes tempos – e não
apenas para o PSD-Madeira, mas essencialmente para a Autonomia regional - não
se compadecem com ausências. Registei alguns apelos à mudança e à renovação, mas
a verdade é que, ao contrário do que era expectável, essas atitudes não
influenciaram outros protagonistas que não conseguem entender ser este um tempo
diferente de tudo o que até hoje aconteceu, um tempo que exige que seja dado
espaço e lugar na política a novos protagonistas que aguardam por uma
oportunidade para mostrarem o que valem e do que são capazes. Vivemos tempos onde
não há lugar a hipocrisias ou medos, nem podem existir lugares cativos, seja de
quem for, aos quais alguns se agarram não facilitando a vida ao líder, nem as
suas escolhas, mesmo que este, aparentemente, não se mostre interessado em
escolhas mais recomendáveis, dado que o seu foco prioritário aponta noutra
direcção, mais pessoal.
Albuquerque certamente entendeu a complexidade deste
momento e destes tempos, e percebe os desafios que a tomada de decisões na
política, bem como os movimentos de regeneração interna, comportam. Montenegro
cometeu um erro neste domínio, optando por um excessivo regresso a um
“passismo” de má memória, ignorando que o PSD, desde 2015, tem gerado novos
protagonistas e novas competências, pelo que se arrisca a pagar caro por este
absurdo patético. Talvez por causa desses asneiradas o PSD de Montenegro teve
uma vitoriazinha ridícula nas eleições, sem que o partido tivesse retirado qualquer
mais-valia digna de registo, pese a conjuntura criada pela dissolução do
parlamento nacional. E Bolieiro, nos Açores, seguiu o mesmo caminho, optando
pelo facilitismo da lógica do “mais do mesmo”, sem a coragem da mudança que
muitos lhe recomendaram, acabando por deitar ao lixo uma maioria absoluta que
todos a creditavam ser possível, acabando por continuar ainda mais dependente das
diatribes do Chega.
Será que sabem mesmo o que está em causa neste tempo
eleitoral ou o PSD-Madeira ficou refém de outras prioridades que não lhe dizem
respeito mas que o ameaçam e o podem derrotar? (texto de opinião publicado no Tribuna da Madeira de 12.4.2024)
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