Pedro Nuno Santos compara o Governo à direita radical. Analisando o discurso, o investigador Riccardo Marchi não tem dúvidas: é uma tática política “inteligente” para poder liderar a oposição. Para Pedro Nuno Santos, líder do Partido Socialista, é claro: a agenda política da Aliança Democrática (AD) é partilhada com partidos de extrema-direita, algo que “ficou claro” no discurso de tomada de posse de Luís Montenegro, na passada terça-feira. Nessa ocasião, o líder do PSD apontou baterias aos socialistas, dizendo que se deviam decidir sobre se queriam ser “oposição ou bloqueio” nesta Legislatura. Falando na sessão de abertura da reunião anual do Partido Socialista Europeu (PSE) no comité das regiões, o líder socialista apontou baterias ao Governo liderado por Luís Montenegro: “O que nós vamos assistindo é a uma direita tradicional a assumir as bandeiras da extrema-direita, como aliás já hoje se verifica em Portugal. Existem mais semelhanças entre os partidos da direita tradicional, a chamada direita clássica, e os da extrema-direita, do que aquilo que se vai ouvindo.”
Ainda que na noite eleitoral de 10 de março (em que saiu derrotado) o líder do PS tenha recusado qualquer “tática política” para chegar ao poder, o investigador Riccardo Marchi olha para o discurso feito ontem precisamente como isso: estratégia. “Serve, no fundo, para tentar assumir a oposição e não deixar essa função para o Chega”, diz o professor no ISCTE. “Pedro Nuno Santos já foi muito claro sobre a oposição. Agora, quer forçar os partidos da Aliança Democrática a negociar com o Chega, que é aquilo que eles não querem. É uma estratégia inteligente, porque Pedro Nuno Santos já mostrou pouca ou nenhuma intenção de negociar e legislar em bloco central, e tem mais hipóteses de governar com partidos à esquerda, como o Livre. Olhando para o quadro parlamentar, o PSD pode governar com quem? Com o Chega, mas o cordão sanitário mantém-se”, analisa.
Para já, não vai haver declarações oficiais do grupo parlamentar do PSD sobre as declarações de Pedro Nuno Santos.No discurso desta sexta-feira, o líder do PS olhou ainda para o contexto europa: “As semelhanças entre direita e extrema-direita” são visíveis. Por toda a Europa, “governam juntos” e a “direita nacional sentiu necessidade de se aliar” à direita radical. “Ou governam com a extrema-direita ou assumem as suas bandeiras. Não governam com a extrema-direita, mas assumem parte da sua agenda”, apontou o líder socialista. Por isso é que, os socialistas devem manter “a sua ideologia e combater as novas alianças”. Só assim se pode responder aos problemas das pessoas, assegurando a democracia, defendeu Pedro Nuno Santos. E concluiu dizendo: “Há ideologia, há politica diferente e os socialistas vão mostrando ao longo dos anos que nos distinguimos de forma séria daquilo que é o trabalho que a direita vai fazendo.”
Alexandra Leitão é a escolha para líder parlamentar
A eleição na bancada parlamentar do PS realizar-se-á na próxima quarta-feira (véspera da discussão do programa de Governo, na Assembleia) e a ex-ministra da Modernização do Estado prepara-se para suceder a Eurico Brilhante Dias. Caso seja eleita, a deputada - que coordenou o programa de Pedro Nuno Santos às eleições diretas do partido - será a segunda mulher a liderar a bancada do PS, depois de Ana Catarina Mendes (2019-2022). A antiga líder parlamentar é, aliás, uma das deputadas socialistas que vem do Governo que cessou funções. Ao todo, são 17 ex-ministros e secretários de Estado a assumir o lugar de deputados (DN-Lisboa, texto do jornalista Rui Miguel Godinho)
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