domingo, outubro 23, 2022

Portugal é o terceiro país da Europa onde os salários dos professores menos subiram nos últimos 10 anos

Portugal surge a meio da tabela dos países que mais pagam aos professores em toda a Europa, em 17.º lugar (num total de 37 países), com uma média de 22 374 euros por ano. A lista consta de um estudo com dados recolhidos pela Comissão Europeia/EACEA/Eurydice, e é encabeçada pelo Luxemburgo, onde os professores recebem, em média, mais de 69 mil euros por ano. A recolha de informações apurou que o nosso País é o terceiro no ranking dos países europeus que menos aumentaram os salários dos docentes na última década: Entre 2009/2010 e 2020/2021, só se registou um aumento de 5%. O estudo, que inclui os salários brutos iniciais de professores das escolas públicas, na educação básica e ensino secundário, apurou que entre países da UE o selário médio é de 25 055 euros. Na lista de países europeus, o Luxemburgo é líder nos que mais paga aos professores, seguido da Suíça (66 972 euros por ano) e da Alemanha (54 129 euros). Portugal aparece atrás de França, Itália, ou Chipre, sendo que no fim da lista contam a Sérvia, a Bósnia Herzegovina e a Albânia. A diferença entre os vários países significa que, no Luxemburgo ou na Suíça, o salário dos professores em inicio de carreira chega a ser mais do dobro do que é pago em Portugal.

Na tabela organizada pelo Standard de Poder de Compra (PPS, na sigla original), uma “moeda artificial” definida pelo Eurostat em que cada unidade teoricamente comprava a mesma quantidade de bens e de serviços em cada país, também se verificam grandes disparidades. Portugal surge em 15.º lugar (com o salário dos professores a corresponder a mais de 25 mil PPS), na tabela liderada pela Alemanha (mais de 50 mil PPS).

Comparado com o salário mínimo, o nosso país surge entre os melhores classificados na tabela de países da Europa. Os salários dos professores em início de carreira são 2,4 vezes superiores ao salário mínimo. O nosso País surge à frente da Espanha (2,3) e só é ultrapassado pelo Luxemburgo (2,6) e pela Alemanha, onde o salário dos professores é 2,8 vezes o salário mínimo nacional. No espectro oposto, os salários dos professores ficam muito perto do salário mínimo na Grécia e na França (1,4 de rácio de diferença), na Eslováquia (1,2) e na Polónia (1,1).

Relativamente à comparação do salário anual face ao PIB, Portugal volta a aparecer nos primeiros lugares da tabela, em 6.º, com um rácio de diferença de 1,09. È ultrapassado pela Bósnia Herzegovina (1,12), Espanha (1,22), Alemanha (1,26), Montenegro (1,26) e Macedónia do Norte (1,28).

Onde Portugal surge entre os piores classificados é nos aumentos salariais dos professores na última década. Entre 2009/2010, quando o salário anual médio de um professor em início de carreira era de 21 261 euros (15.º lugar) e 2020/2021, o valor auferido variou em +5%. Só cresceu menos no Chipre (2%) e na Turquia, onde se verificou uma redução de 10% no valor. Em contraciclo, segundo os dados da Comissão Europeia está a Lituâni, que registou um aumento de 296% nos salários, a Roménia (193%) ou a Bulgária (180%).

Professores pouco satisfeitos, e cada vez menos

Segundo os dados da Comissão Europeia, que cita a TALIS – Questionário Internacional de Ensino e Aprendizagem, só 26% dos professores de países da ODCE sentia que o seu trabalho era valorizado. 39% dos docentes afirmava que estava satisfeito com o salário.

Quanto a investimento na Educação, feito em cada país, os números revelam que, na UE, em média cada país gastava 5% do PIB nesta pasta, precisamente o investido por Portugal. Islândia (7,7%), Suécia (7%) e Estónia (6,6%), surgem nos primeiros lugares.

Relativamente ao número de alunos, em média, cada professor da UE tem a seu cargo 13,6 alunos na escola primária. Portugal apresenta valores abaixo da média, com 12,1 alunos por professor, numa lista liderara pelo Reino Unido e Roménia, países onde cada docente olha por quase 20 alunos.

A Comissão Europeia assinala assim o problema da falta de professores, destacando que tem havido redução no número de docentes em países da Europa. Por exemplo, diz a CE, ficaram por preencher 30 mil vagas na Alemanha e faltam 20 mil professores na Polónia, 10 mil na Hungria e mais de quatro mil em França (Multinews, texto do jornalista Pedro Zagacho Gonçalves)

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