O ministro das Infraestruturas revelou que o Governo enviou para o Ministério Público a auditoria realizada pela administração da TAP à compra de aviões durante a gestão de David Neeleman. Em causa estão suspeitas de a companhia ter pago mais pelos aviões do que os concorrentes. "A administração [da TAP], a determinada altura, suspeitou que nós estaríamos a pagar pelos aviões que estamos a pagar, mais do que os concorrentes pagavam. [...] A administração pediu a auditoria, essa auditoria foi concluída, entregue ao Governo e nós, perante dúvidas perante as conclusões daquela auditoria, encaminhámos a auditoria para o Ministério Público", anunciou o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, em audição na Assembleia da República. A audição sobre a privatização da TAP acontece por requerimento do PCP e do Chega, à qual se segue outra sobre a celebração de contratos públicos por uma empresa com uma participação superior a 10% do pai do governante, por requerimento do PS. Pedro Nuno Santos voltou também a apontar o dedo ao PSD, acusando-o de ser um "mero partido de protesto" que não apresenta soluções, por não assumir, disse, o que teria feito em 2020 quando a TAP se encontrava em dificuldades agravadas pela pandemia.
O ministro repetiu ainda que a privatização
negociada durante o governo do PSD/CDS-PP resultou de um negócio em que a TAP
foi vendida por 10 milhões de euros "responsabilizando-se por dívidas
passadas e futuras" a "um acionista que endividou ainda mais a
empresa". Em resposta ao deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira, que
referiu que foi feita uma injeção de 270 milhões de euros feita pelo antigo
acionista privado na empresa, o ministro das Infraestruturas disse que a
injeção foi de 224 milhões e que o PSD ainda não explicou se "houve
efetivamente uma capitalização, ou se houve um endividamento ainda maior".
"Prometeram uma capitalização que se
traduziu em capitalização nenhuma da empresa, pelo contrário, resultou em
endividamento que ainda hoje estamos a pagar, aparentemente - para não ser mais
objetivo - a pagar mais pelos aviões do que os nossos concorrentes",
apontou o governante.
David Neeleman renegociou o contrato da TAP
com a Airbus para a compra de 12 aviões A350,para alterar a encomenda para a
aquisição de cerca de 50 aeronaves A320 neo e A330 neo tendo recebido, de
acordo com o semanário Sol, 70 milhões de euros da Airbus pela alteração.
Verbas que usou para adquirir a participação de 61% na companhia, através da
Atlantic Gateway. O empresário brasileiro deixou de ter qualquer participação
na TAP em 2020 com a compra da participação do Estado.
Depois de o ministro ter anunciado que tinha
enviado a auditoria para o Ministério Público, o deputado social democrata,
Paulo Rios Amorim, fez uma interpelação à mesa da comissão para
"esclarecer que uma participação ao Ministério Público não é suscetível de
ser divulgada nesta sala porque está em segredo de justiça. E portanto é perder
tempo falar nisso".
Sobre a intenção de venda da companhia, o
ministro voltou a repetir que "não há nenhuma cambalhota nem nenhum
desnorte" na posição do Governo sobre a privatização da TAP, tal como
defendeu no debate requerido pelo PSD, que decorreu na semana
passada."Sempre foi assumido que entendíamos que a TAP é uma companhia
aérea num setor altamente globalizado e consolidado, não deve ficar sozinha, a
melhor forma de garantir viabilidade a médio e longo prazo é estar integrada
num grande grupo de aviação", vincou Pedro Nuno Santos.
Também sobre os detalhes da venda, o ministro voltou a repetir que não pode adiantar qualquer decisão tendo em conta que "o processo de privatização ainda não arrancou" (Negocios, texto da jornalista Ana Petronilho)
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