O caso do ISP é uma das poucas exceções. Sempre que há uma subida dos preços dos combustíveis, vem à baila que Portugal cobra muitos impostos sobre os combustíveis. A comparação é sobretudo expressiva quando olhamos para Espanha (onde eles são baixos) mas também nos destacamos face à média europeia. Quando abastecemos um depósito com gasolina, 58% do preço final são impostos e, quando o abastecemos com gasóleo, 53% vai para o Estado. Estamos entre os países europeus que mais carregam na tributação (ver gráficos). Contudo, nem o peso dos impostos sobre os combustíveis é um fenómeno recente nem tão pouco é um caso único.
Embora em termos absolutos a receita de ISP venha aumentando (todos os anos se cobram mais milhões de euros), em termos relativos não é assim. Hoje o ISP representa cerca de 7% do total da receita fiscal e 11% dos impostos indiretos, um valor relativamente estável nos últimos anos e mais baixo do que há 35 anos (ver gráfico). Ou seja, os combustíveis sempre foram muito taxados em Portugal. Outra conclusão é que os combustíveis não são caso único de apetite fiscal. Portugal tem uma predileção por impostos sobre o consumo e somos atualmente o sétimo país onde os impostos indiretos mais pesam.
INDIRETOS
Portugal tem um
especial apetite pelos chamados impostos indiretos, onde se incluem o IVA, o
ISP (combustíveis), o imposto automóvel ou o tabaco. Em 2020, 44% de toda a
nossa receita fiscal vinha de impostos indiretos. Neste campeonato, Portugal bate
não só a média dos 27 países da União Europeia como a média da zona euro
(composta por 15 países). A nível europeu, somos o sétimo país que mais
impostos indiretos encaixa. Na zona euro, somos o quarto — à nossa frente só a
Grécia, o Luxemburgo e a Letónia.
ISP Como vários
outros produtos, os combustíveis enfrentam uma dupla tributação: sobre ele
recaem o ISP e, adicionalmente, o IVA. Embora, em termos absolutos, o valor do
ISP venha crescendo todos os anos, com o Estado a encaixar mais alguns milhões
de euros, quando os comparamos com o total da receita fiscal, o imposto segue
sensivelmente o mesmo padrão. De acordo com o INE, em 2020 o ISP representou 7%
da receita fiscal, e 11% da receita de impostos indiretos, percentagens que não
oscilaram muito nos anos mais recentes. Já face a 1995, o peso destes impostos
baixou.
GASOLINA E GASÓLEO
À semelhança do
que acontece no conjunto dos impostos indiretos, também nos combustíveis
Portugal se encontra no pelotão da frente: 58% do preço de um depósito de gasolina
(super 95) e 53% do preço do gasóleo vai para impostos. Com esta carga fiscal,
Portugal é o oitavo país da União Europeia que mais tributa a gasolina e o
sexto que mais carrega no gasóleo. O nosso apetite fiscal sempre foi
especialmente alto na gasolina, mas no gasóleo o aperto é mais recente (Expresso,
texto da jornalista ELISABETE MIRANDA)
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