Segundo a organização Tax Justice Network, as Ilhas Caimão são o paraíso fiscal mais tentador para os mais ricos guardarem as suas fortunas em offshores – e fugirem aos impostos. Portugal aparece no 76º lugar, um pouco abaixo do meio da tabela. O top-10 está longe de ser preenchido por lugares remotos do planeta; estão lá alguns dos países mais desenvolvidos. Sem surpresa, as Ilhas Caimão são o “cofre secreto” mais apetecível para os mais endinheirados esconderem o seu dinheiro em offshores. O território ultramarino britânico, em pleno Mar das Caraíbas, domina a tabela das jurisdições mais “qualificadas” para o efeito elaborada pela Tax Justice Network, uma organização fundada em Londres com o propósito de combater a evasão fiscal no mundo. Como se sabe, esta é uma das estratégias mais populares quando o objetivo é escapar aos impostos, embora uma coisa não implique obrigatoriamente a outra.
O Financial Secrecy Index, ou Índice do Segredo Financeiro, é definido através da ponderação entre o grau de secretismo em cada território (ou jurisdição), ao qual é atribuída uma pontuação até 100 com base em 20 critérios de avaliação, e o volume de serviços financeiros offshore fornecidos, à escala planetária. Portugal surge na 76º posição (num total de 133), com um score de 54,03 pontos no grau de secretismo (quanto mais próximo de 100, menor a transparência do sistema financeiro) e 0,1% no peso que representa a atividade financeira offshore dentro do país, no contexto mundial.
Numa altura em que os
Pandora Papers revelaram o envolvimento de várias personalidades mundiais
nestes esquemas, do rei Abdullah II da Jordânia ao ex-primeiro-ministro
britânico Tony Blair, passando pela cantora Shakira e o treinador de futebol
Pep Guardiola, sem esquecer os políticos portugueses Manuel Pinho, Vitalino
Canas e Nuno Morais Sarmento, aqui fica o top-10 dos paraísos fiscais mais
opacos.
Ihas Caimão (76,08 em grau
de secretismo + 4,6% da atividade offshore no mundo)
É um dos locais mais populares da atividade offshore. Alguns dos maiores bancos, fundos e empresas do mundo têm negócios neste pequeno arquipélago das Caraíbas formado por três ilhas. Tem um dos maiores níveis de secretismo no ranking da Tax Justice Network.
EUA (62,89 + 21,4%)
Não há país, território ou
jurisdição com mais dinheiro movimentado em offshores do que os EUA. O Estado
de Delaware, na costa Leste, é sobejamente conhecido como um paraíso fiscal de
eleição, onde proliferam as chamadas empresas fantasma. O capital estrangeiro
está isento de pagar impostos.
Suíça (74,05 + 4,1%)
Na Europa, não há quem
supere o seu país mais neutro. A informação bancária é um dos segredos mais bem
guardados e, por isso, não é de admirar o facto de apresentar uma pontuação tão
alta no grau de secretismo do Financial Secrecy Index.
Hong Kong (66,38 + 4,4%)
Enquanto subsiste a
incógnita sobre a intervenção que a China terá neste domínio, o antigo
território britânico na Ásia permanece entre as jurisdições menos transparentes
– e, como tal, mais apetecíveis – para ocultar grandes somas de dinheiro.
Singapura (64,98 + 5,2%)
Tem uma cotação semelhante
a Hong Kong, com um grau de secretismo ligeiramente inferior e de atividade
offshore um pouco superior. Antiga colónia britânica, beneficia de não ter
qualquer dependência do regime de Pequim para conquistar a confiança de
investidores asiáticos, além de atrair muitos investimentos do próprio Reino
Unido.
Luxemburgo (55,45 + 12,5%)
É considerado mais
transparente do que a Suíça, sem deixar de oferecer um certo grau de
secretismo, sendo no entanto bastante mais procurado, talvez por gozar do
estatuto de membro fundador da União Europeia. Em serviços offshore, só os EUA
apresentam maior atividade.
Japão (62,85 + 2,2%)
Desde os anos 1980 que
Tóquio se posicionou no mercado financeiro como destino offshore, mas o volume
de atividade não é assim tão significativo nos tempos que correm, apesar de
manter um score elevado quanto ao secretismo das operações.
Holanda (67,4 + 1,1%)
Terreno fértil para
empresas de fachada, que servem os interesses de multinacionais sem violar a
Lei, é visada por facilitar a evasão fiscal a corporações de outros países,
inclusive entre os seus parceiros da União Europeia.
Ilhas Virgens Britânicas (71,3
+ 0,5%)
Mais um território
ultramarino britânico especialmente propício à atividade offshore. Segundo a
investigação jornalística Panama Papers, de 2016, metade das empresas fantasma
criadas pelo escritório de advogados Mossack Fonseca estava sediada aqui.
Emirados Árabes Unidos
(77,93 + 0,2%)
O segredo é a alma do
negócio no Dubai, um dos sete emirados que constituem este país do Médio
Oriente. Neste capítulo, oferece uma proteção ainda maior do que as Ilhas
Caimão, segundo o índice da Tax Justice Network, que regista um nível mínimo de
atividade offshore (Visão)
Sem comentários:
Enviar um comentário