sexta-feira, abril 17, 2020

TAP: a hora mais decisiva de todas!

A TAP aproxima-se acelerada e perigosamente de um momento vital para a sua existência: ou o Estado salva a empresa, e os investidores privados - que lá estão devido a uma golpada de gabinete hiper-acelerada, feita pelo anterior governo da troika do Passos e do CDS de Portas, quando já sabia que seria escorraçado do poder - desaparecem de circulação, ou fica tudo na mesma, nesta empresa alegadamente de capitais maioritariamente públicos a fingir, dado que manteve sempre uma óbvia gestão empresarial privada com alguns itens altamente discutíveis. Uma TAP que tinha apresentado resultados negativos, dois anos seguidos, da ordem dos mais de 100 milhões de euros e que começava a ter novos sinais de potencial instabilidade social interna, mesmo antes da pandemia, dificilmente sobreviverá - tal como centenas ou milhares de outras companhias, públicas ou privadas por esse mundo fora - sem essa bengala do Estado.
Tecnicamente não sei como isso se vai processar, qual o impacto desta opção de pretensa nacionalização. Uma coisa eu sei, porque sempre defendi e continuo a defender: Portugal tem que ter uma companhia de bandeira pujante, estável, com presença nos mercados essenciais, que sirva as regiões autónomas e o turismo nacional e não uma empresa privada, que acumulou mais de 220 milhões de euros de prejuízo nos últimos dois anos, destinada a resolver problemas de outros países da América do Sul que dizimarem as companhias aéreas de bandeira que existiam e que ficaram dependentes de companhias estrangeiras para garantirem ligações entre esses países e os principais destinos europeus.
Portanto nada a dizer quanto ao reforço do Estado no capital social da empresa ou mesmo, em última instância, a total nacionalização do capital social, pelo menos até que a instabilidade no sector - que especialistas estimam possa manter-se durante 2 a 4 anos.
E o mesmo se passa com a SATA, prevendo eu que o Governo Regional dos Açores possa ser autorizado a um maior envolvimento numa empresa aérea pública que estava praticamente falida, que atravessa uma fase de recuperação esforçada. Aliás, nesta fase de lenta recuperação do turismo nacional e regional, reforço a minha opinião - sempre defendi isso - que Madeira e Açores deviam unir esforços para colocarem a SATA  a trabalhar para o sector turístico de cada uma, de uma forma muito mais intensa. Sem essa recuperação do turismo estamos lixados, podem acreditar nisso.
Por isso, considero criminoso se alguém pretenda "parir" programas de alegada recuperação turística, impondo-os aos protagonistas e agentes económicos do sector, sem ouvir as sua opiniões, sem uma partilha de ideias, sem discussão de propostas, sem desenharem programas financeiros específicos de apoio, sem os quais nada feito, de definição de prioridades.
Um trabalho que eu acho que já devia estar em curso, discretamente, porque apesar dos constrangimentos impostos pela pandemia, esses contactos pessoais são possíveis. E devem ser feitos discretamente, sem a fobia vaidosa e doentia de uma presença mediática, por tudo e por nada - mais pelo nada do que pelo tudo - algo que me parece contaminar a noção de responsabilidade pública por parte de alguns governantes - que parecem não ser capazes de "se fazerem de mortos" enquanto trabalham nos bastidores e preparam decisões - pelo simples facto de que não conseguem viver sem títulos ou uma fotografia diária nos jornais, ou uma imagem na TV. Isso, neste tempo de normalização, interessa zero. O que a opinião pública quer são medidas concretas e saber se as pessoas estão mobilizadas em cada um dos sectores económicos regionais que terão que começar a recuperar a sua actividade normal, a saber o que vão fazer, como, quando e com o que contam para isso. Urgentemente (LFM)

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