quinta-feira, abril 30, 2020

Como estão os profissionais de saúde? Dormem pouco, têm muita ansiedade e nem um terço se automonitoriza

Estas são as principais conclusões, que foram apresentadas ao Governo na terça-feira, do segundo questionário realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública, no âmbito do Barómetro Covid-19 sobre os riscos para os profissionais da saúde, que "vão muito para além do vírus". Agrande maioria dos profissionais de saúde tem manifestado uma ansiedade acima do normal, quase metade dorme menos de seis horas de “sono de qualidade” por dia e perto de um terço admite ter “níveis de depressão moderados a elevados”. E, depois, nem 35% realiza a automonitorização diária recomendada, em março, pela Direção-Geral da Saúde (DGS), que implica a medição da temperatura e a confirmação da ausência de sintomas da covid-19. Estas são as conclusões mais recentes do Barómetro Covid-19, coordenado pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade de Nova de Lisboa, que realizou um segundo questionário entre 16 e 24 de abril. Os resultados do documento, intitulado “Os riscos para os Profissionais de Saúde vão muito além do vírus”, foram apresentados na reunião de terça-feira do Governo com os especialistas.

À volta de 75% dos profissionais refere ter níveis de ansiedade elevados ou muito elevados “como resposta às situações de stress que vivenciam”. Perto de 15% apresenta índices de depressão moderados ou elevados. Uns 44,8% admitem dormir menos de seis horas diárias.
Este facto, “associado à sensação de fadiga, que piorou para quase 90% dos profissionais de saúde desde o último inquérito”, explicou Florentino Serranheira, responsável pela coordenação científica do estudo, “pode ter repercussões na sua saúde e desempenho”. Um em cada cinco (78,7%) relatou um nível de fadiga “muito agravado” face à semana anterior.
Neste segundo questionário, feito online, foram recebidas 2.059 respostas. Dessas, foram positivas para a covid-19 cerca de 1,1% e nos dados agrupados dos dois momentos do inquérito, cerca de 1,4%.
Ao todo, já participaram 5.180 profissionais de saúde no estudo, entre enfermeiros (39,6%), médicos (26,4%), técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (18,6%), assistentes operacionais (2,9%), farmacêuticos laboratoriais e hospitalares, nutricionistas, psicólogos, entre outros. Do universo total, 91,2% trabalham no sector público da saúde.
A 21 de março, a DGS publicou uma orientação para os profissionais de saúde "com exposição a SARS-CoV-2 (COVID-19)", com os procedimentos a adotar quanto à proteção e automonitorização diária para “identificarem precocemente” quaisquer sintomas sugestivos da doença - mas 33,4% dos profissionais que responderam ao questionário não a fazem.
Quanto aos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), assunto que também fora abordado na tal orientação da DGS, a disponibilização de material na última semana, em relação às semanas anteriores, foi considerada melhor por 31,7% dos participantes no questionário, ou mesmo muito melhor por 40,7% (Expresso)

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