A Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) já tem em sua posse
os orçamentos com as despesas previstas pelos partidos para a campanha das
eleições legislativas. O prazo terminou ontem.
O partido que mais prevê poupar - face a 2015 - é o PSD. No total, uma
redução de 43,45% nos gastos, passando estes dos 3,6 milhões de há quatro anos
para pouco mais de dois milhões de euros, agora (ver quadro global no fim do
texto).
Em 2015, o PSD e o CDS avançaram coligados (menos nos Açores e na
Madeira) mas estabeleceram entre si um ratio de peso relativo nas despesas de
cada um dos partidos de 77% (para o PSD) contra 23% (CDS). Ou seja: o PSD
orçamentou nesse ato eleitoral 2,3 milhões de euros mas acabou por gastar 3,6
milhões - um desvio de quase 55%.
Rio corta nas agências de comunicação e sondagens
Agora, no PSD, a ordem é de cortar fortemente na despesa. E um dos
cortes mais significativos será na rubrica relativa aos consumos com
"conceção da campanha, agências de comunicação e estudos de mercado".
Há quatro anos, o PSD gastou quase um milhão de euros nessa despesa. Agora, Rui
Rio reduz esse valor para quase dez vezes menos (150 mil euros).
Também o CDS teve uma fatura bem diferente do valor estimado: mais 49,6%
de gastos (os 719 mil euros previstos saltaram para 1 075 298 euros). Agora os
centristas planeiam gastar 700 mil euros.
Os dados revelados ao DN pelos partidos mostram que só o BE e o PAN
admitem que vão gastar mais do que o que gastaram nas campanhas de 2015. O
crescimento no Bloco do orçamentado para agora face ao gasto em 2015 será na
ordem dos 16,74% (de cerca de 840 mil euros para quase um milhão).
Já o aumento no PAN será percentualmente muito maior - embora seja o
partido que tenha previsto uma campanha mais barata, de entre as formações
parlamentares. Em 2015 custou cerca de 32 mil euros e agora o partido - com
perspetivas de passar a ter mais do que um deputado eleito - planeia gastar 138
mil euros.
O PAN prevê gastar 61 mil euros na "estrutura", 20 mil em
"folhetos e programas Braille", 19 mil para "deslocações,
dormidas, refeições em campanha", 17 mil para outdoors e 4500 nos tempos
de antena das televisões e rádios. A rubrica dos "brindes" foi
reduzida a zero.
PS, a campanha mais cara
Com um desvio também grande nas suas contas em 2015 está o Bloco de
Esquerda, que este ano quer manter o seu orçamento abaixo de um milhão de
euros. Há quatro anos, os bloquistas orçamentaram 598 084 euros mas acabaram
por gastar 839 464 euros, valor que se traduziu num aumento de 40,4%.
Sem entrar em detalhes, o BE antecipa ao DN que as contas estimadas para
2019 registam "um acréscimo face ao que foi gasto em 2015 de cerca de 140
mil euros", atirando o valor para 980 mil euros. O gabinete de imprensa do
Bloco recorda que, há quatro anos, o custo final foi de 839 mil euros e que o
partido foi o mais "rentável" entre o valor gasto e o número de votos,
como avançou na altura o DN.
Campanha da CDU foi a menos rentável nas legislativas de 2015
O PS orçamentou gastar um pouco menos que 2,5 milhões na campanha para
as legislativas de 6 de outubro - a campanha mais cara de todas nos partidos
parlamentares. A maior fatia será consumida nas rubricas de "comício e
espetáculos", com 589,2 mil euros e de "propaganda, comunicação
impressa e digital", com 508,1 mil.
O orçamento da campanha socialista - que já está depositado na Entidade
das Contas e Financiamentos Políticos do Tribunal Constitucional, antes do
prazo final que era esta segunda-feira - reflete, segundo o mandatário
financeiro do PS, Hugo Xambre Pereira, "o planeamento atempado" da
campanha do partido, com "consultas ao mercado para vários materiais e
serviços necessários à campanha", que "será associado a um controlo
financeiro permanente".
Esta promessa de controlo explica-se pelo disparo dos gastos em 2015: o
PS tinha orçamentado 2,6 milhões de euros e gastou 3,2 milhões. Agora, Hugo
Xambre Pereira afirma ao DN que "o valor total previsional de despesa de
campanha é de cerca de 2,4 milhões de euros, inferior em quase 800 mil ao total
da despesa da campanha de 2015 (-33%), que por sua vez já tinha registado uma
redução de despesa em relação a campanhas anteriores".
CDU também corta
Em 2015, a CDU foi a única das formações com assento na Assembleia da
República sem derrapagem nas contas - pelo contrário, a coligação liderada
pelos comunistas acabou por gastar menos do que o que tinha orçamentado.
Agora, os comunistas apontam para uma despesa total na ordem dos 1,2
milhões de euros - ou seja, menos 15,8% do que o que gastaram há quatro anos.
Contas feitas pelo DN mostram, no total, em relação às seis formações
parlamentares (PSD+PS+BE+CDS+CDU+PAN), que estas planeiam, no seu conjunto,
fazer uma campanha mais barata do que a de 2015. Uma diferença na ordem dos 27%
- passando dos 10,2 milhões de euros para 7,4 milhões (DN Lisboa)
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