Estas Comissões de Inquérito parlamentar são uma vergonha, só servem para fazer política, são usadas como instrumentos de disputas e/ou ajuste de contas partidários, de uns contra outros. Esta Comissão de Inquérito constituída depois do "caso" Berardo "versus" CGD, "versus" BCP, avançou porque à direita e à extrema-esquerda, sobretudo à direita, cheirou a "socialistas", logo havia que mediatizar o assunto (antes das europeias, mas com os resultados que todos vimos....), impor mais uma comissão de inquérito (vinha a calhar em ano eleitoral, mas o primeiro tiro saiu-lhes pela culatra) obrigando uma série de personagens, alguns retirados, outros deambulando por aí, a ali comparecerem para se sujeitarem ao interrogatório redondo, vazio, de uns tantos inspectores-martelada que pensam em tudo, menos na verdade e no apuramento de responsabilidades neste antro de bandalhice e de bandalhos corruptos que lixam as nossas vidas. Aliás, tal como nas outras Comissões de Inquérito, todas elas marcadas pela habitual e doentia "falta de memória" generalizada, o que os portugueses querem saber é a verdade - quanto a isso os deputados nunca se substituirão à justiça e aos Tribunais, era o que nos faltava, e que isso fique claro - quem foram os bandalhos culpados deste mamanço todo, quem são os corruptos que encheram a pança com base em ilegalidades, como foi realizada essa roubalheira mafiosa, quem são os beneficiários, onde anda o dinheiro gamado, quem são os escroques que roubaram e enganaram tudo e todos e andam por aí como se nada fosse com eles e com a prosápia provocadora do costume neste tipo de escroques. O que as pessoas querem são respostas a tudo isso, não pessoas que pensam em eleições, nos lugares nas listas, nas parangonas nos jornais ou ver as carinhas larocas nas notícias na televisões. Aliás a comunicação social, reconheço pesaroso, tem culpa nisto, porque promove "vedetas" com pés de barro, inflacionado deputados que acabam por estar ao serviço dos seus interesses e das suas causas. E mais nada.
Desde logo porque não contribuem em nada para a resolução seja do que for, nunca apuram a verdade de nada, ficam-se pelas suposições e pela insinuação, apesar da cagança dos deputados-vedetas que vagueiam pelos corredores de São Bento, armados em inspectores-martelada de coisa nenhuma. E caso as reuniões dessas Comissões sejam transmitidas em directo no canal parlamento ou nos canais de televisão generalistas que ainda dedicam espaço a este circo, meu Deus, é vês-lo com aquela cagança e prosápia toda, interrogando os "desgraçadinhos" que por lá passam - lembro, a propósito, de uma deputada patética, da direita, que tem a mania de interrogar com aquele ar de mazona, fechando o olho para a direita ou para a esquerda, tipo "toma lá com essa e não digas que vai daqui". Mas tudo aquilo espremido não passa, repito e insisto, numa feira de vaidades efémera, se preferirem numa caçada aberta a protagonismos, graças a uma dependência crónica do mediatismo propiciado pelos média, que se acentua em vésperas de eleições, como é o caso presente, e períodos de elaboração de listas de candidatos a deputados, etc.
Desculpem é tudo uma perda de tempo. O que é que resultou de concreto de todas as anteriores Comissões de Inquérito? Nada, zero. Espaço de antena para alguns deputados promovidos a vedetas temporárias pelos meios de comunicação social, mas os corruptos continuam à solta, a patifaria dos corruptos de colarinho branco continua impune, os lesados são os mesmos a sofrer por causa da sua ambição do lucro fácil - há que dizê-lo - e do descuido, a merda continua a mesma, mesmo antes das comissões de desnecessárias inquérito. Mas se nem a justiça consegue, por exemplo, acusar Sócrates e desvendar a bandalheira com o BES, BPN, BANIF e outros escândalos que nos custaram milhares de milhões, o é que podíamos esperar daquelas aberrações indevidamente apelidadas de comissões de inquérito? Nada, zero. Se não alterarem estes procedimentos, a começar por impedir que essas comissões se transformem em instrumentos políticos de manipulação e de combate partidário, se não mudarem as regras de funcionamento e não impuserem objectivos a esses grupinhos parlamentares de inquérito, se permitirem que tudo se transforme rapidamente não numa procura da verdade, mas numa feira de vaidades pessoais e num circo político que apenas desacredita a política e afasta ainda mais eleitores e eleitos (depois "espantam-se" com a abstenção...), os portugueses continuarão descrentes e a sentir-se enganados por deputados transvestidos em inspectores-martelada, alguns deles, com rabos-de-palha que só o tempo acaba por desvendar (veja-se os casos recentes anunciados pela justiça...).
É ver nesta feira de vaidades os deputados da direita assanhados em cima de protagonistas socialistas ou ligados ao PS. Mas alguém se lembra afinal o que é que esta Assembleia da República investigou (e concluiu) a propósito do que aconteceu com o a corrupção, gamanço e a falência do BPN e com os protagonistas de tudo isso - todos eles próximos do PSD, até ex-ministros - que nos custou mais de 7 mil milhões de euros? Os deputados borrifam-se para isso, querem é o mediatismo naquele momento porque eles sabem que rapidamente caiem no esquecimento. Eles e as inúteis comissões de inquérito que a par com a justiça, e no caso destes "dossiers" mais polémicos e com ramificações perigosas, nos envergonham a todos. Porque nunca se conhece a verdade de nada! (LFM)
Nota
Para vos ajudar pesquisei directamente no site das Assembleia da República as Comissões de Inquérito que foram constituídas - muitas propostas foram rejeitadas.
VII Legislatura (1995 a 1999)
- Comissão Eventual de Inquérito ao Fundo Europeu de Orientação Agrícola entre 1988 e 1993
- Comissão Eventual de Inquérito ao desastre de Camarate
- Comissão Eventual de Inquérito aos pedidfos de autorização instituições de ensino superior particular e Cooperativo
- Comissão Eventual de Inquérito ao acordo entre o Estado e o sr. Champalimaud
- Comissão Eventual de Inquérito para apreciação do aval do Estado à UGT
- Comissão Eventual de Inquérito para apreciação dos actos do governo nos negócios entre o Estado e Institutos privados.
- Comissão Eventual de Inquérito para apreciação dos actos dos governos PS e PSD envolvendo o Estado e grupos económicos
- Comissão Eventual de Inquérito às denúncias de corrupção na Junta Autónoma de Estradas
- Comissão Eventual de Inquérito à gestão do governo do serviço de informações e sua relação com actividades de polícia
VIII Legislatura (1999 a 2002)
- Comissão Eventual de Inquérito parlamentar à gestão da TAP
- Comissão Eventual de Inquérito parlamentar sobre a participação da ENI e da IBERDOLA na Galp
- Comissão Eventual de Inquérito parlamentar aos actos do governo e administração na Fundação da Prevenção e Segurança Rodoviária
- Comissão Eventual de Inquérito parlamentar ao dxesastre da ponte do Douro em Entre-os-Rios
- Comissão Eventual de Inquérito parlamentar à tragédia de Camarate
IX Legislatura (2002 a 2005)
- Comissão Eventual de Inquérito à tragédia de Camarate
- Comissão Eventual de Inquérito para apreciação de actos do governo referentes às dívidas fiscais da SAD Benfica
- Comissão Eventual de Inquérito às demissões na Polícia Judiciária
- Comissão parlamentar de Inquérito às obras do metro no Terreiro do Paço, em Lisboa
X Legislatura (2005 a 2009)
- Comissão de Inquérito à Gestão do Processo Eurominas (pré RAR)
- Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar ao Processamento, Disponibilização e Divulgação de Registos de Chamadas Telefónicas Protegidos pela Obrigação de Confidencialidade (pré RAR)
- Comissão de Inquérito Parlamentar ao Exercício da Supervisão dos Sistemas Bancário, Segurador e de Mercado de Capitais
- Comissão de Inquérito sobre a Situação que Levou à Nacionalização do BPN e sobre a Supervisão Bancária Inerente
XI Legislatura (Outubro 2009 a Junho 2011)
- Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à actuação do Governo em relação à Fundação para as Comunicações Móveis
- Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à relação do Estado com a Comunicação Social e, nomeadamente, à actuação do Governo na compra da TVI
- Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate
XII Legislatura (2011 a 2015)
- Comissão Parlamentar de Inquérito ao Processo de Nacionalização, Gestão e Alienação do Banco Português de Negócios S.A.
- Comissão Parlamentar de Inquérito à Contratualização, Renegociação e Gestão de todas as Parcerias Público-Privadas do Sector Rodoviário e Ferroviário
- X Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate
- Comissão Parlamentar de Inquérito à Celebração de Contratos de Gestão de Risco Financeiro por Empresas do Sector Público
- Comissão Parlamentar de Inquérito para Apuramento das Responsabilidades pelas Decisões que Conduziram ao Processo de Subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo
- Comissão Parlamentar de Inquérito aos Programas Relativos à Aquisição de Equipamentos Militares (EH-101, P-3 Orion, C-295, torpedos, F-16, submarinos, Pandur II
- Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo
XIII Legislatura (2015 a 2019)
Encerradas
- Comissão Parlamentar de Inquérito ao processo que conduziu à venda e resolução do Banco Internacional do Funchal (BANIF)
- Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à Gestão do Banco
- Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à atuação do XXI Governo Constitucional no que se relaciona com a nomeação e a demissão da Administração do Dr. António Domingues
Em actividade
- Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Eletricidade
- Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas do furto do material militar ocorrido em Tancos
- II Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à Gestão do Banco
Pergunto: desta trampa toda o que é que resultou de concreto? Do que é que as pessoas se lembram? Zero, lixo
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