Presidente
do Sindicato diz que situação relevado pelo estudo é "grave". Antigo
provedor do leitor do PÚBLICO, Joaquim Vieira, entende que os resultados
reflectem a “proletarização e precarização da profissão de jornalista”. “Há aqui
coisas reveladoras, fundamentais, para demonstrar em que condições trabalhamos
hoje”, sintetiza a presidente do Sindicato dos Jornalistas, Sofia Branco, sobre
os resultados do estudo. Considerando importante que a sociedade e a tutela
tenham a noção que metade dos jornalistas em Portugal ganha menos de 1000
euros, Sofia Branco acha que esta situação é “grave”. Mas afirma que, num
inquérito encomendado pelo sindicato e que vai ser lançado no Congresso dos
Jornalistas Portugueses, essa percentagem ainda é superior.
Os outros
“predadores” da liberdade de imprensa
Nesse
estudo, feito pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia com o
Sindicato dos Jornalistas e Obercom com uma amostra de 1491 respostas, também é
maior a percentagem de recibos verdes. A precarização da profissão é um dos
pontos a ser debatido no congresso de jornalistas em Janeiro. “Há muitas
questões que são semelhantes às 1998”, quando se realizou o último congresso,
afirma Sofia Branco, nomeadamente de ordem ética e deontológica. Por outro
lado, há uma “transformação tecnológica e de modelo de negócio significativa a
colocar desafios importantes”. Joaquim Vieira, que já foi provedor do leitor do
PÚBLICO, entende também que os resultados reflectem a “proletarização e
precarização da profissão de jornalista” o que leva à “situação profundamente
instável dos profissionais”. Ainda
assim, Sofia Branco encontra dados positivos. O contacto que os jornalistas têm
com as fontes, por exemplo a percentagem de profissionais que saem para a rua
em trabalho, surpreendeu pela positiva a responsável.
Pressões
“Acho
muito pouco”, diz, sobre a percentagem de jornalistas que considera sofrer
pressões internas por parte da direcção ou administração. Este é outro dos
indicadores que o inquérito encomendado pelo sindicato “vem mostrar em
percentagem maior”.
“Acho que
os jornalistas hoje vivem numa situação tal de medo e de auto-censura censura
que não percepcionam como pressões aquilo que são pressões”, afirma. No caso
das pressões da administração, Joaquim Vieira, entende que são situações
“graves” e que “deviam ser denunciadas com mais regularidade”, o que não
acontece devido à questão da “sobrevivência económica”. Já Sofia Branco não
acredita “que haja um jornalista em Portugal que nunca tenha sido pressionado”
e explica que, quando começou a trabalhar, “os directores eram editoriais, hoje
não são". "São braços da
administração e isso mudou tudo dentro de uma redacção e tornou-a muito mais
vulnerável a pressões”, sustenta (Público)
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