segunda-feira, dezembro 19, 2016

Aldrabices: contas da TAP desmentem David Neeleman

As contas da TAP continuam a ser muito pesadas. E embora David Neeleman considere que Fernando Pinto salvou a TAP, há quem discorde. No congresso da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), o acionista privado da transportadora aérea explicava: «O Fernando Pinto salvou a empresa pelo que fez nas ligações que fez para o Brasil, sem isso a TAP já tinha morrido». No entanto, de acordo com as contas da empresa, em maio deste ano, o negócio de 24 milhões de euros que culminou na compra da Varig Engenharia Manutenção (VEM) continuava a dar prejuízos à transportadora aérea portuguesa. O relatório e contas de 2015 mostra que a reparação de aeronaves no Brasil registou resultados negativos de 40,2 milhões de euros, «um agravamento em 17,6 milhões face ao valor obtido em 2014». De acordo com o documento, os prejuízos devem-se sobretudo ao «adiamento de algumas inspeções, por força de uma menor atividade das companhias aéreas brasileiras clientes, com particular incidência durante a primeira metade do ano».

Mas este não é primeiro ano em que os resultados negativos são avultados. Desde que o negócio ficou fechado, em 2005, que se somam resultados ruinosos para a companhia. A antiga VEM está desde 2010 a dar prejuízos, segundo os relatórios anuais da companhia. Com o resultado deste ano, os prejuízos acumulados desde aquele ano já somam 289 milhões de euros. Mas antes disso as contas do Brasil já pesavam. Em 2014, de acordo com a SIC, o prejuízo acumulado chegava a 514 milhões de euros. Valor ao qual se soma agora estes 40,2 milhões de euros. Fernando Pinto assumiu no início do negócio que o investimento só podia dar resultado no futuro – e não seria um futuro próximo. O plano de compra da VEM passava pela recuperação de investimento num prazo de cinco a oito anos. A informação fazia parte de uma carta enviada às Finanças em 2007, que garantia o retorno da aquisição da empresa da Varig. Desde 2009 que Fernando Pinto, em vários eventos e entrevistas, garantiu que a VEM estava prestes a atingir o break even – o ponto a partir do qual o projeto começa a dar lucro. No entanto, a empresa continuou a pesar nas contas da transportadora aérea nacional até aos dias de hoje.
Negócio investigado
O negócio da manutenção do Brasil chamou a atenção das autoridades. As suspeitas de crimes de administração danosa, participação económica em negócio, tráfico de influência, burla qualificada, corrupção e branqueamento levaram uma equipa do Ministério Público (MP) e de inspetores da PJ, no início do ano, a realizar buscas às instalações da TAP e da Parpública. De acordo com nota divulgada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), «os factos em investigação estão relacionados com o negócio de aquisição da empresa de manutenção e engenharia VEM». O caso está a ser investigado pela PGR desde que, em 2014, foi feita uma denúncia anónima. A denúncia incidia no processo de privatização da TAP que falhou em 2012, que terminou com o fim da proposta apresentada por Germán Efromovich. Mas o SOL sabe que se abordava também a compra da unidade de manutenção no Brasil à Varig, uma empresa que naquela altura estava completamente falida e que tinha sido presidida entre 1996 e 2000 por Fernando Pinto, atual presidente da TAP (Sol)

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