Pelo retrato que faz do partido, como antevê as autárquicas?
Em Lisboa penso que o Dr. Medina vai ganhar. O partido vai ficar fulo com esta entrevista que eu estou a dar, mas eu sempre disse que o partido era um instrumento para servir o bem-comum. Na minha opinião, quer a Câmara de Lisboa, quer a do Porto estão bem entregues. Já disse ao dr. Medina, em brincadeira mas a sério, que ele ainda será primeiro-ministro deste país. Gostei da forma como ele em representação do governo socialista de Sócrates, juntamente com o meu vice-presidente, trabalharam juntos na recuperação da Madeira quando dos aluviões. Seria de um partidarismo grosseiro esquecer isso só por causa do emblema partidário.
E no Porto?
No Porto houve um erro em não apoiar o actual presidente da câmara. Na minha há opinião, não haverá grandes mexidas nas câmaras. A oposição não convence e há uma certa demagogia no ar. Depois da pancada que levamos, consegue-se convencer pessoas dando mais 10 euros por mês.
A margem dele já acabou. Continua a dizer que não sai. Se ele não encontrar uma alternativa que lhe parecer boa até ao congresso que se segue às autárquicas, não larga o lugar. É muito complicado dar a volta à degradação do sistema partidário, por isso é que eu digo que tem de aparecer coisas novas.
Coisas novas?
Podem aparecer novos partidos na área do centro. Eu é que tenho 73 anos, senão ajudava a formar um partido que contestava o próprio sistema político-constitucional português, dizendo aos portugueses que perderam a soberania inclusivamente sobre a sua própria constituição. Repare que a Constituição não permite um referendo sobre qualquer norma constitucional. Os portugueses não têm soberania sobre a sua própria Constituição. Isto é tudo um bluff bem montado, dizer que o país está melhor, quando não está (Público)
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