domingo, setembro 14, 2014

Escócia: os argumentos do "Sim"

Conheça os argumentos dos que são a favor da independência da Escócia.
PODERES
Se os escoceses estão fartos de receber ordens do Parlamento de Westminster, então devem votar a favor da independência, diz a campanha pelo "Sim", argumentando que isso permitiria ver os poderes devolvidos à Escócia e uma Escócia mais justa
GOVERNO
No Reino Unido quem governa são os conservadores de David Cameron (aliados aos liberais-democratas de Nick Clegg). Na Escócia a maioria dos eleitores votou em partidos da oposição e, por isso, os partidários do "Sim" argumentam que o Governo britânico não representa os interesses escoceses com o mesmo empenho que seria de esperar de um Governo escocês independente. Além disso, com a subida do Ukip de Nigel Farage no Reino Unido, os escoceses poderiam ver, de futuro, os seus interesses menosprezados.Farage, conhecido eurodeputado eurocético, é contra a independência da Escócia e até chegou a desafiar a Rainha Isabel II a fazer campanha pelo "Não"
NUCLEAR E DEFESA
O primeiro-ministro escocês, Alex Salmond, do Partido Nacionalista Escocês, defende uma Escócia independente livre de armas nucleares.Isso poderia significar o fim do programa Trident, cujos mísseis e submarinos estão na base naval de Faslane, na Escócia, bem como a remoção das ogivas de Loch Long. O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, já disse que a ligação à organização não será automática caso o "Sim" venha a ganhar no dia 18, podendo levar anos. Apesar disso Salmond já indicou que queria contar com o apoio da Aliança Atlântica para situações de defesa.
RECEITAS DO PETRÓLEO
A Escócia tem grandes reservas de petróleo. Grande parte das receitas e dos impostos obtidos com o petróleo do Mar do Norte vão diretamente para Westminster. O governo escocês alega que, se for independente, a Escócia poderá ser um dos países mais ricos do mundo. Estima-se que ainda haja 24 mil milhões de barris de petróleo por extrair, o que significa que haverá produção ainda durante mais 30 ou 40 anos. A maior estimativa, feita pelo governo da Escócia, diz que ainda é possível ganhar 1,5 biliões de libras com a exploração petrolífera e, daqui até 2018, 57 mil milhões de libras. A estimativa mais baixa, do gabinete nacional de estatísticas britânico, fala em apenas 120 mil milhões de libras em reservas de petróleo e prevê que, em 2017-2018, a produção caia 38%.
EMPREGO
Com a procura crescente de energia e eletricidade na Europa, a campanha do "Sim" acredita que a Escócia pode tornar-se um dos principais fornecedores, refere um levantamento feito pelo site independentscotland.org Após a independência, muitos serviços, agora centralizados, seriam criados na Escócia e isso poderia gerar emprego.
APOIOS SOCIAIS
O governo de Salmond quer criar um melhor serviço nacional de saúde, enquanto a tendência é para a privatização no resto do Reino Unido. Os partidários do "Sim" querem ainda melhorar as condições de vida dos pensionistas, dos pais com filhos, ter salários mínimos, acabar com a chamada "bedroom tax".Esta é, segundo escreveu o 'Sunday Mirror', "uma taxa aplicada aos inquilinos de habitações sociais que tenham quartos livres - que foi imposta aos escoceses contra a sua vontade e numa altura em que os mais ricos beneficiavam de reduções de impostos".
SALÁRIOS
A diferença entre o salário médio do Reino Unido e da Escócia é assinalável e é preciso pôr um ponto final a isso, defende a campanha do "Sim", que promete igualmente combater as desigualdades entre ricos e pobres
IMIGRAÇÃO
O governo de Alex Salmon conta com a imigração para preencher os problemas demográficos e de força de trabalho capaz de sustentar um sistema de pensões numa Escócia independente. Assim, segundo a BBC, os nacionalistas querem atrair 24 mil imigrantes por ano para os eu país, o que no espaço de 34 anos acrescentaria cerca de 480 mil pessoas à atual população da Escócia. Apesar de muitos imigrantes poderem querer ir tentar uma sorte melhor numa Escócia independente, dada a crise económica e financeira existente no resto da União Europeia, é preciso ter em atenção que o sistema defendido pelo governo de Salmond é semelhante ao praticado pela Austrália: imigração por pontos e segundo as necessidades do mercado de trabalho do país (fonte: DN de Lisboa)