Toda a gente diz: o escocês é rosado, rude, mas caloroso, gosta de chuva e whisky, usa 'kilt', atira mais longe os troncos de árvores e conta bem o seu dinheiro. Será verdade? A AFP fez um zoom aos cinco clichés mais frequentes sobre os escoceses.
O ESCOCÊS É AVARENTO
É falso.
Que o escocês gosta de beber o seu copo mas resiste a pagar uma rodada é um velho estereótipo. O Tio Patinhas não era de origem escocesa? "Essa reputação existe há vários séculos e reflete a pobreza inicial dos escoceses. Ao longo do tempo acrescentou-se o facto de eles terem vocação para o comércio", explicou à AFP Murray Pittock, historiador e professor de literatura da Universidade de Glasgow. Mas vários estudos mostram que esta reputação é exagerada. Uma sondagem realizada o ano passado junto de 3 mil pessoas concluiu que os escoceses até dão dinheiro para obras de caridade, contribuindo, em média, com 356 libras por ano. Comparado com os habitantes de Londres, estes contribuem com 268 libras, apesar de terem um rendimento superior.
O ESCOCÊS COME MAL E BEBE MUITO
Não é falso mas é exagerado.
A cozinha escocesa fez progressos e hoje oferece já algumas alternativas ao 'haggis' - bucho de carneiro recheado com vísceras ligadas com farinha de aveia. Porém, a realidade é que a maioria dos escoceses come mal e bebe muito álcool, "sobretudo nas zonas mais húmidas", refere Murray Pittock. Um artigo da revista especializada 'The Lancet' constatou, em 2006, um aumento substancial das cirroses. Os maus hábitos alimentares explicam, em parte, segundo o serviço nacional de saúde escocês, uma esperança média de vida mais baixa do que a da Grã-Bretanha. Símbolo máximo da má dieta dos escoceses é a famosa "deep fried mars bar", ou seja, uma barra de chocolate altamente calórica, mergulhada em polme e, posteriormente, frita em óleo.
O ESCOCÊS FALA UM DIALETO INCOMPREENSÍVEL
Às vezes.
É preciso não confundir o inglês escocês com o 'scots', uma língua germânica falada apenas por alguns. Mas isso não significa que seja fácil, incluindo para os ingleses, compreender um escocês quando ele fala a cantar. "A Inglaterra descobriu o fenómeno após a II Guerra Mundial, ao ouvir os líderes sindicais do oeste da Escócia, onde o sotaque é mais acentuado, na rádio, depois na televisão. Alguns tinham que ter legendas", sublinha Murray Pittock. Hoje em dia, as duas tendências cruzam-se, segundo o professor. Há uma "uniformização da língua inglesa promovida pelos media". Mas também um "orgulho em falar com sotaque, condição incontornável para se fazer perceber que se é escocês.
O ESCOCÊS É MUITO PATRIOTA
Verdadeiro.
Segundo um estudo sobre "as atitudes sociais britânicas", 69% dos escoceses sentem-se "em primeiro lugar escoceses" e 20% "e primeiro lugar ingleses". "Enquanto pequeno país, muito isolado geograficamente, a Escócia sempre foi muito patriótica. Na Idade Média, o provérbio francês dizia: "orgulhoso como um escocês", sublinha Pittock. Este patriotismo, por vezes acompanhado de um certo cinismo, construiu-se, em parte, através da rejeição de tudo o que é inglês. Falar de "ódio" é exagerado, mas é verdade que os escoceses adoram troçar dos vizinhos das Terras Baixas. "Na Escócia temos um sentimento partilhado sobre o aquecimento global, pois permitir-nos-ia ver, desde as montanhas, os ingleses a afogarem-se", disse o humorista Frankie Boyle.
O ESCOCÊS USA O 'KILT' SEM NADA POR BAIXO
Verdadeiro mas...
Traje tradicional dos homens das Terras Altas desde meados do século XVI, o 'kilt' é uma saia de lá com quadrados e cores que variam segundo o clã familiar e o símbolo escocês mais utilizado. O traje está intimamente ligado à história da região. O seu uso foi proibido após o levantamento jacobita no século XVIII, tendo sido depois reintroduzido no exército. "Hoje, a maioria das pessoas não usa o 'kilt' na rua. Tal como a gaita de foles, o uso do 'kilt' está na moda nas celebrações e manifestações tradicionais", explica Pittock. Quanto a saber o que se usa (ou não) por baixo do 'kilt' seria descabido avançar uma explicação para um dos últimos mistérios que permanecem intactos no mundo moderno. Alguns escoceses gostam de ironizar, dizendo que o que levam debaixo do 'kilt' "o futuro da Escócia" (fonte: DN de Lisboa)
O ESCOCÊS É AVARENTO
É falso.
Que o escocês gosta de beber o seu copo mas resiste a pagar uma rodada é um velho estereótipo. O Tio Patinhas não era de origem escocesa? "Essa reputação existe há vários séculos e reflete a pobreza inicial dos escoceses. Ao longo do tempo acrescentou-se o facto de eles terem vocação para o comércio", explicou à AFP Murray Pittock, historiador e professor de literatura da Universidade de Glasgow. Mas vários estudos mostram que esta reputação é exagerada. Uma sondagem realizada o ano passado junto de 3 mil pessoas concluiu que os escoceses até dão dinheiro para obras de caridade, contribuindo, em média, com 356 libras por ano. Comparado com os habitantes de Londres, estes contribuem com 268 libras, apesar de terem um rendimento superior.
O ESCOCÊS COME MAL E BEBE MUITO
Não é falso mas é exagerado.
A cozinha escocesa fez progressos e hoje oferece já algumas alternativas ao 'haggis' - bucho de carneiro recheado com vísceras ligadas com farinha de aveia. Porém, a realidade é que a maioria dos escoceses come mal e bebe muito álcool, "sobretudo nas zonas mais húmidas", refere Murray Pittock. Um artigo da revista especializada 'The Lancet' constatou, em 2006, um aumento substancial das cirroses. Os maus hábitos alimentares explicam, em parte, segundo o serviço nacional de saúde escocês, uma esperança média de vida mais baixa do que a da Grã-Bretanha. Símbolo máximo da má dieta dos escoceses é a famosa "deep fried mars bar", ou seja, uma barra de chocolate altamente calórica, mergulhada em polme e, posteriormente, frita em óleo.
O ESCOCÊS FALA UM DIALETO INCOMPREENSÍVEL
Às vezes.
É preciso não confundir o inglês escocês com o 'scots', uma língua germânica falada apenas por alguns. Mas isso não significa que seja fácil, incluindo para os ingleses, compreender um escocês quando ele fala a cantar. "A Inglaterra descobriu o fenómeno após a II Guerra Mundial, ao ouvir os líderes sindicais do oeste da Escócia, onde o sotaque é mais acentuado, na rádio, depois na televisão. Alguns tinham que ter legendas", sublinha Murray Pittock. Hoje em dia, as duas tendências cruzam-se, segundo o professor. Há uma "uniformização da língua inglesa promovida pelos media". Mas também um "orgulho em falar com sotaque, condição incontornável para se fazer perceber que se é escocês.
O ESCOCÊS É MUITO PATRIOTA
Verdadeiro.
Segundo um estudo sobre "as atitudes sociais britânicas", 69% dos escoceses sentem-se "em primeiro lugar escoceses" e 20% "e primeiro lugar ingleses". "Enquanto pequeno país, muito isolado geograficamente, a Escócia sempre foi muito patriótica. Na Idade Média, o provérbio francês dizia: "orgulhoso como um escocês", sublinha Pittock. Este patriotismo, por vezes acompanhado de um certo cinismo, construiu-se, em parte, através da rejeição de tudo o que é inglês. Falar de "ódio" é exagerado, mas é verdade que os escoceses adoram troçar dos vizinhos das Terras Baixas. "Na Escócia temos um sentimento partilhado sobre o aquecimento global, pois permitir-nos-ia ver, desde as montanhas, os ingleses a afogarem-se", disse o humorista Frankie Boyle.
O ESCOCÊS USA O 'KILT' SEM NADA POR BAIXO
Verdadeiro mas...
Traje tradicional dos homens das Terras Altas desde meados do século XVI, o 'kilt' é uma saia de lá com quadrados e cores que variam segundo o clã familiar e o símbolo escocês mais utilizado. O traje está intimamente ligado à história da região. O seu uso foi proibido após o levantamento jacobita no século XVIII, tendo sido depois reintroduzido no exército. "Hoje, a maioria das pessoas não usa o 'kilt' na rua. Tal como a gaita de foles, o uso do 'kilt' está na moda nas celebrações e manifestações tradicionais", explica Pittock. Quanto a saber o que se usa (ou não) por baixo do 'kilt' seria descabido avançar uma explicação para um dos últimos mistérios que permanecem intactos no mundo moderno. Alguns escoceses gostam de ironizar, dizendo que o que levam debaixo do 'kilt' "o futuro da Escócia" (fonte: DN de Lisboa)
