terça-feira, setembro 30, 2014

Estudante de 17 anos lidera as massas em Hong Kong

Li no site da RTP que "Joshua Wong é já, aos 17 anos, um "velho lutador" das causas democráticas na antiga colónia britânica: desde os 14 que ganhou os hábitos de rebeldia. Nessa altura, em 2011, lutava contra os programas escolares de Hong Kong fabricados num Ministério de Pequim; hoje é contra as eleições com candidatos exclusivamente do agrado do Governo central. Em 2011 a luta era contra a definição em Pequim dos programas de ensino para Hong Kong. Wong foi, logo então, a face mais visível do movimento de protesto conhecido como Scholarism, que trouxe para a rua 120.000 pessoas - estudantes, pais e professores. O êxito foi espectacular: ao fim de alguns dias de mobilização, o Governo local cedeu e chamou a si a elaboração dos programas. Desta vez, em 2014, a parada é bem mais alta, porque está em causa o próprio Governo local e o modo de elegê-lo. Os manifestantes, munidos de guarda-chuvas para se protegerem contra os gases lacrimogéneos, reclamam eleições livres e a possibilidade de apresentarem candidaturas que não estejam sujeitas à prévia aprovação das autoridades de Pequim. Como o chefe do Governo local, Leung Chun Ying, alinhou servilmente com o Governo central, os manifestantes fizeram-lhe um ultimato: que se demita até quarta-feira, 1 de Outubro. Ambos os Governos, local e central, dão mostras de grande nervosismo, traduzido nomeadamente na detenção de 74 activistas, durante algumas horas, no sábado. Entre eles contava-se Joshua Wong, que permaneceu na cadeia durante 40 horas - mais tempo do que qualquer outro detido. O jovem não se deixou intimidar com o tratamento especialmente duro e, ao ser libertado, deu uma conferência de imprensa logo na escadaria do edifício da polícia, exigindo a satisfação das exigências dos manifestantes. A composição maioritariamente juvenil das manifestações está longe de criar um movimento acéfalo e desorientado. As gerações mais velhas viveram o massacre de Tien An Men em 1989 e com mais frequência traem no seu comportamento o receio de que algo semelhante possa repetir-se. A data de amanhã, 1 de Outubro, é crucial, por se tratar do aniversário da República Popular da China e do prazo dado pelos manifestantes no seu ultimato. Mas, ainda assim, os manifestantes de gerações mais velhas mostram-se empolgados com o élan dos jovens, com a sua determinação e disciplina. O editor de Hong Kong Jimmy Lai, citado pela agência Reuters diz que "os jovens tomaram a causa nas suas mãos. Isso é muito assustador para Pequim". Com imaginação e agilidade, os manifestantes reagem à repressão policial: desde logo com a "revolução dos guarda-chuvas" contra o gás-mostarda, mas também utilizando o App FireChat para ligar entre si, por Bluetooth, telemóveis num raio de 60 metros, quando as autoridades bloqueiam a rede, como fizeram no domingo. Para contornarem esse bloqueio policial, os manifestantes inspiraram-se na arte cultivada pelos seus homólogos do movimento altermundialista noutras partes do globo, em manifestações igualmente boicotadas pelo poder. Joshua Wong não é um menino-prodígio, e sim um activista típico da nova geração"