domingo, setembro 14, 2014

Escócia: os argumentos do "Não"

Conheça os argumentos dos que são contra a independência da Escócia.
UNIÃO
A campanha do "Não" acha que, no Reino Unido, todos vivem melhor se estiverem juntos. Após vários conflitos e guerras entre a Inglaterra e a Escócia, os dois territórios uniram-se finalmente em 1707 à luz dos Atos da União Admitindo que há diferenças culturais e pontos de vista distintos da política, os partidários do "Não" acham que é do interesse de todos manter esta União com mais de 300 anos de existência.
INCERTEZA
Muitos dos que são contra a independência da Escócia justificam-se com o grau de incerteza associado a essa opção e acusam a campanha do "Sim" de fazer muitas promessas mas de poder dar poucas ou nenhumas garantias. Apesar de o "Não" parecer estar a recuperar nas sondagens, o facto de uma delas ter dado pela primeira vez vantagem ao "Sim" pela primeira vez fez soar os alarmes bem alto no Reino Unido. A libra esterlina teve a sua maior queda face ao dólar em dez meses, as empresas com ligações à Escócia sofreram perdas em bolsa e algumas pessoas começaram a transferir o dinheiro para bancos ingleses. O Royal Bank of Scotland (RBS) avisou mesmo que mudaria a sua sede para Inglaterra em caso de vitória do "Sim" no referendo dia 18. Alarmados, os líderes dos três maiores partidos britânicos, foram à Escócia fazer campanha pelo "Não".
MOEDA
Apesar de o primeiro-ministro escocês Alex Salmond ter dito que quer manter a libra esterlina, o ministro das Finanças britânico George Osborne, apoiado pelos grandes partidos, já fez saber que isso é inaceitável para o resto do Reino Unido. Sendo que Salmond também parece não querer aderir ao euro, isso obrigaria a Escócia a ter de criar uma nova moeda, com todas as consequências imprevisíveis associadas a esse processo.
BENEFÍCIOS
Muitos têm dúvidas de que, se a independência ganhasse, realmente fosse ter mais benefícios a nível da criação de emprego, de melhores pensões, de melhores apoios sociais para os filhos, de melhores serviços de saúde ou de educação. Segundo os dados do registo nacional da Escócia, a proporção de população escocesa em idade de reforma está projetada para aumentar 2,9% entre 2010 e 2035, comparada com 1,7% do Reino Unido. Isto teria implicações nas pensões se a Escócia fosse independente, uma vez que uma população ativa reduzida teria que financiar o sistema de pensões.
UNIÃO EUROPEIA
Os partidários do "Não" argumentam que não existem certezas de que a Escócia independente possa entrar diretamente na União Europeia sem passar por um processo de adesão normal. O governo escocês diz que uma Escócia independente poderia aderir à UE diretamente, à luz do artigo 48.º dos tratados da União Europeia. No entanto, os que estão contra a independência e a favor da União dizem que tal só seria possível através de um processo normal de adesão, à luz do artigo 49.º. Mas qual a diferença entre os dois? O artigo 48.º permite a emenda dos tratados, como foi feito, por exemplo, em março de 2011, para introduzir nos tratados o mecanismo europeu de estabilização financeira. O artigo 49.º é relativo à adesão de um novo Estado membro, que depois de ser aceite tem que ver a sua adesão ratificada por todos os Estados membros da UE (o que seria difícil - ou mesmo impossível - em países como Espanha ou Chipre). Este artigo foi usado, por exemplo, na adesão da Croácia, que em janeiro de 2013 se tornou ou 28.º Estado membro da UE.
PODERES
O ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, que tem dado a cara pelo "Não", prometeu, com o aval dos três maiores partidos políticos do Reino Unido, que se a Escócia rejeitar a independência no dia 18, no dia seguinte, 19, começará a ser discutido um calendário preciso para devolver mais poderes ao Parlamento da Escócia. O plano, apoiado pela coligação conservadores/liberais-democratas e pelos trabalhistas, prevê aumentar a autonomia do Parlamento e do governo escoceses em matéria orçamental, nos domínios da cobrança de impostos e das despesas sociais.
MAIS CUSTOS DO QUE RECEITAS
Há setores que promovem a ideia de que a Escócia gera mais despesa do que receita. A campanha do "Não" alega que a Escócia não seria capaz de manter os gastos públicos atuais, obrigando à cobrança de mais impostos (dos atuais 38% do PIB para 46%). Em 2012-2013, segundo a BBC, a despesa pública per capita na Escócia foi de 12,300 libras, enquanto que no Reino Unido em geral foi de 11,000 libras.
PETRÓLEO
O campo do "Não" diz que dividir as receitas provenientes do petróleo é o melhor para todos e que a solidariedade na partilha de recursos e receitas é do interesse de todo o Reino Unido.
NUCLEAR
O facto de os nacionalistas quererem que a Escócia seja um país livre de nuclear leva alguns especialistas a alertar que o Reino Unido pode ver prejudicado o seu papel como potência nuclear mundial. Além disso, referem alguns, poderá estar também em causa o lugar permanente que o Reino Unido tem, enquanto tal, no Conselho de Segurança da ONU. O máximo órgão decisor das Nações Unidas tem cinco membros permanentes: Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França (fonte: DN de Lisboa)