segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Muitos países da Zona Euro não conseguirão atingir as metas do défice

Li no site da RTP que “a Comissão Europeia divulgou sexta-feira, às dez da manhã, as novas previsões económicas para os 27 e tudo indica que grande parte dos membros da Zona Euro, falhará os seus objetivos orçamentais. A França é um dos países que não terminará 2013 com um défice inferior a três por cento do seu Produto Interno Bruto, pelo que Paris poderá tentar, junto de Bruxelas, conseguir um adiamento das metas. Os membros da União que não conseguirem cumprir os objetivos expõem-se a sanções financeiras. Uma quinzena de países estava a obrigada a reduzir o seu défice para menos de três por cento do PIB em 2012, ou, o mais tardar, este ano. As anteriores previsões da Comissão, publicadas em novembro do ano passado, indicavam que apenas a Bélgica, a Itália, a Áustria e a Holanda estavam "no bom caminho”, para conseguir esse objetivo. Tendo em conta o agravamento da situação económica na Zona Euro, que se afundou na recessão no final de 2012, derrapagens parecem inevitáveis e Bruxelas poderá exigir novas medidas de austeridade.
França não atingirá metas
Entre os “prevaricadores”, a França parece destinada a tomar a dianteira. A segunda maior economia da Zona Euro reconheceu, na semana passada, que não conseguirá atingir o objetivo do défice de três por cento até ao final do ano. Embora os números da Comissão Europeia só sejam conhecidos oficialmente na sexta-feira de manhã, os média franceses adiantaram já que Bruxelas antecipa para a França um crescimento económico zero e um défice de 3,6 por cento em 2013. O ministro francês da Economia, Pierre Moscovici, recusou-se esta quinta-feira a comentar os números surgidos na imprensa que, alegadamente, revelam as previsões da Comissão Europeia para a França.
Governo francês não comenta e prefere aguardar pelos números oficiais
“Não posso confirmar nem desmentir por uma simples razão. É que não conheço os números que, ao que julgo, estão ainda em curso de finalização”, disse Moscovici. “Houve uma série de fugas que não vou comentar. Vou limitar-me a aguardar as previsões de crescimento para 2013, para 2014 e as conclusões que a Comissão vai retirar delas (…) porque, na realidade, é esse conjunto que conta”, acrescentou. Depois de negar durante muito tempo a realidade Paris tem vindo, nos últimos dias, a inverter caminho
Tribunal de Contas considerou meta de três por cento "inatingível"
O governo francês renunciou finalmente à meta de três por cento do défice para este ano depois de, a 12 de fevereiro, o Tribunal de Contas ter considerado esse objetivo “inatingível”. O próprio presidente François Hollande reconheceu na terça-feira que “não iremos atingir os 0,8 por cento” de crescimento que estavam previstos. Até há pouco tempo, o governo de Hollande apostava a sua credibilidade, insistindo que cumpriria as metas de redução do défice, apesar dos avisos dos especialistas de que a Economia não iria crescer o suficiente para tornar isso possível. Entre os países da OCDE, a França tem segundo maior nível de despesa pública em relação ao PIB a seguir à Dinamarca e o governo sido pressionado a efetuar cortes nos gastos do Estado, para demonstrar que está empenhado em restaurar o equilíbrio fiscal.
Paris poderá pedir alargamento dos prazos
Paris espera obter um alargamento dos prazos para conseguir por o défice em linha com as metas europeias, como já aconteceu com a Espanha, e com Portugal e a Grécia. No passado, o Comissário Europeu dos Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, disse por mais de uma vez que ”se o crescimento se degradar e uma forma imprevista, um país poderá beneficiar de um alargamento dos prazos para corrigir o seu défice excessivo”. Isto na condição de “ter posto em prática, como combinado, os esforços orçamentais necessários” Prometendo que a França ficará “o mais perto que for possível “ da meta dos três por cento, Hollande reconheceu quarta-feira que as finanças públicas precisam de ser postas em ordem, mas recusou-se a implementar novos cortes que se iriam somar aos já existentes, porque “não queremos tombar na austeridade”.
Portugal e outros países também querem ver os prazos alargados
Outros países também esperam um gesto de Bruxelas, como Portugal, onde o ministro das Finanças Vitor Gaspar admitiu, quarta-feira, que o país necessita de mais um ano para colocar as finanças em ordem. Em Espanha, o primeiro-ministro Mariano Rajoy anunciou que o défice público se deverá situar “em menos de sete por cento” do PIB em 2012, ou seja, acima dos 6,3 por cento que tinham sido acordados com Bruxelas mas melhor do que indicavam as previsões de alguns analistas. Numa Europa onde a austeridade excessiva é cada vez mais contestada, a reação de Bruxelas às novas previsões económicas é aguardada com e expetativa e os analistas pensam que a Comissão Europeia será forçada a agir com subtileza.
G20 defende "objetivos credíveis" de médio prazo
No último fim de semana, o G20 tinha apelado a que sejam praticadas “estratégias orçamentais de médio prazo credíveis”, em vez de objetivos definidos de curto prazo, que sucessivamente acabam por não ser cumpridos. Publicadas três vezes por ano, as previsões de Bruxelas incidem sobre o crescimento, o défice público e a dívida, mas também sobre a inflação e o emprego nos 27 países da EU”.