quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Agiotagem dos nossos amigalhaços ou chulanço descarado? Juros da dívida vão custar 1900 euros a cada família!

Segundo o DN de Lisboa, "cada português vai pagar, em média, 732 euros em juros da dívida pública no próximo ano, o que fará com que cada família ( também de dimensão média, cerca de 2,6 indivíduos por agregado, segundo o INE) seja chamada a desembolsar mais de 1900 euros em 2014, indicam cálculos com base nos dados atualizados da Comissão Europeia. O aumento anual será de quase 8% e de mais 56% face ao período anterior ao plano de ajustamento ( 2010). O bolo total dos juros irá valer 7,8 mil milhões de euros no ano que vem. Estes números, que antecipam uma crescente pressão dos juros sobre o Orçamento do Estado ( são contabilizados no défice) e sobre as famílias, que o terão de pagar, levaram o Governo a movimentarse no sentido de pedir condições mais “flexíveis” aos três membros da troika, de forma a aliviar a condução da política orçamental nos próximos anos. Para já, a prioridade não será pedir uma negociação destes juros, mas antes um ano mais para diminuir o défice e um calendário mais prolongado para amortizar o capital em dívida.
Pedro Passos Coelho, o primeiro-ministro, e Paulo Portas, que tutela os Negócios Estrangeiros, sinalizaram que deverá acontecer alguma “flexibilização” não nos juros, mas nas amortizações do empréstimo da troika. O momento é o oportuno: na segunda-feira iniciou-se a sétima avaliação do programa e ontem o chefe de missão do FMI chegou a Lisboa. Os bancos e os parceiros sociais ( patrões e sindicatos) vão ser ouvidos já esta semana. Se é verdade que o envelope de empréstimos da troika tem uma taxa de juro implícita relativamente favorável face à do stock de endividamento da República ( cerca de 3,3% ao ano contra uma média de 3,8% implícita na dívida pública total, em 2012), a Comissão Europeia já fez as contas ao custo global que Portugal irá pagar em 2014 por todos os seus empréstimos. À medida que o país deixa de receber financiamento oficial ( da troika) e vai tentando contrair dívida de médio/ longo prazo por sua conta e risco nos mercados abertos, algo que já começou a acontecer este ano, mas que terá maior intensidade no próximo, a taxa de juro começará a subir. Este ano, o custo total baixará até 3,6% para em 2014 subir até 3,8%. Apesar destes preços continuarem a ser relativamente baixos em termos históricos, Portugal ( os contribuintes) tem um problema muito sério pela frente: é que o stockde dívida já ultrapassa os 200 mil milhões de euros ( mais de 120% do PIB), um dos mais elevados da zona euro e um volume nada compatível. Ou seja, por muito baixa que seja a taxa de juro, a fatura dos juros será sempre demasiado pesada para a economia. Para mais com as fracas perspetivas de crescimento ( recessão agravada este ano e quase estagnação no próximo) e com o desemprego acima de 17% da população ativa. A Comissão Europeia evidencia ainda que Portugal é, de longe, o país da Europa mais penalizado pelos juros tendencialmente mais caros. Em 2014, Portugal terá a terceira maior subida na taxa de juro média implícita na dívida a seguir a Bulgária e Luxemburgo. Só que a dívida nacional ronda os 125% do PIB, ao passo que a da Bulgária será 17% e a do Luxemburgo 24%".