terça-feira, fevereiro 26, 2013

Bancos ganham 15 mil milhões com dívida publica em 2012

Li aqui que “mais-valias potenciais terão impacto nos capitais próprios dos bancos portugueses. Venda de títulos gera lucros e suporta imparidades. A carteira de dívida pública portuguesa dos bancos nacionais, a mais de um ano, valorizou cerca de 60% em 2012. O que significa que, segundo contas realizadas pelo Diário Económico, os bancos fecham 2012 com mais-valias potenciais em torno dos 15 mil milhões de euros. Os ganhos são apenas potenciais uma vez que serão contabilizados como lucro somente em caso de venda dos títulos ou no caso de se encontrarem alocados à carteira de ‘trading' dos bancos. No entanto a larga maioria destes títulos encontram-se na carteira de "activos disponíveis para venda", o que significa que o impacto da sua valorização será principalmente sentido nos capitais próprios das instituições. "Sim. Sem dúvida que os bancos terão uma grande valorização nos capitais próprios nas contas de 2012. Mas acredito também que, tal como já aconteceu nas contas do terceiro trimestre, muitas instituições optem por um mix. Ou seja, por venderem parte da carteira realizando assim lucros ou de forma a suportarem imparidades de crédito, e utilizando outra parte para reforçarem capitais próprios", avança um especialista do sector ouvido pelo Diário Económico. De lembrar que a dívida soberana nacional registou os segundos maiores ganhos a nível mundial em 2012, só ultrapassada pela dívida grega já na recta final do ano. Segundo dados do Banco de Portugal, as instituições financeiras somavam, no final de 2011, mais de 22,6 mil milhões de euros investidos em obrigações do Tesouro português. Desde então esses títulos valorizaram em média 60%, de acordo com dados da Bloomberg, levando a carteira dos bancos a ganhos na ordem dos 13,6 mil milhões de euros. Por outro lado, as instituições financeiras portuguesas utilizaram grande parte dos empréstimos de médio e longo prazo cedidos pelo Banco Central Europeu em Fevereiro de 2012 para reforçarem em dívida pública. Os dados do Banco de Portugal sugerem um reforço entre quatro a cinco mil milhões de euros no primeiro semestre de 2012. Dívida que até ao final do ano apreciaria ainda 32%, elevando os ganhos totais da banca para valores próximos dos 15 mil milhões de euros. Estes ganhos irão depender não só da exposição de cada instituição à dívida pública nacional, mas também da gestão da carteira nos últimos meses. As mais-valias potenciais serão maiores ou menores dependendo do valor de aquisição das obrigações do Tesouro no balanço. Além disso, o efeito nos capitais próprios será tanto maior quanto o peso relativo da dívida pública face à dimensão de cada instituição financeira. A maior parcela de dívida pública nas mãos de bancos pertence precisamente ao maior banco nacional. A CGD detém 8,1 mil milhões de euros, entre Bilhetes e Obrigações do Tesouro, em base consolidada, seguida pelo BES, BPI, BCP e Santander Totta. No total, estes cinco bancos são responsáveis por 56% do total de dívida portuguesa nas mãos de todo o sistema financeiro nacional”.