Li no Dinheiro Vivo que “o ponto de viragem para a economia portuguesa pode muito bem acontecer, ao contrário do que ainda afirma o Governo, "no início de 2014", afirma um membro da comissão executiva do Banco Central Europeu (BCE). Benoît Couré, que está na Universidade Nova de Lisboa a dar uma palestra sobre crescimento e ajustamento na zona euro, afirmou esta manhã que, em termos de PIB per capita, "na Irlanda o ponto de viragem foi alcançado em 2011", "em Espanha, em Portugal e na Grécia, espera-se que este ocorrra em 2013 ou no início de 2014". Ou seja: esta viragem, a que será sentida por cada habitante, está dependente não só do crescimento, mas também do número de pessoas na economia, um universo que com a crise tem vindo a estagnar devido ao declínio da natalidade, à fraca imigração e ao aumento da emigração. Portanto, mesmo esta viragem pode esconder uma estagnação da economia, como hoje projeta a Comissão Europeia (0,8% em 2014). O francês questionou-se então se "são fiáveis estas expectativas?" A resposta veio logo: "Sendo condicionadas por variáveis exógenas, como a procura mundial, os termos de troca ou choques petrolíferos, estas expectativas dependem de uma prossecução determinada das políticas de consolidação e de reforma". O banqueiro central insistiu várias vezes que Portugal e os outros países programa (Grécia, Irlanda e Espanha) só sairão da crise de forma sustentável se fizerem reformas hoje para poderem dinamizar o emprego, o cresicmento e as exportações no longo prazo e, muito importante, para ajudar "as sociedades a manter modelos sociais que, de outro modo, se degradariam, em virtude da permanente perda de produto causada pela crise e da perda de receitas fiscais associada".