sábado, fevereiro 23, 2013

Açores: partidos acusam Governo de esconder ‘situação financeira’ e na ‘pior fase da Autonomia’

Li no Correio dos Açores que “Sérgio Ávila lamentou também que os partidos pretendam “meter no mesmo saco” a realidade financeira das duas regiões autónomas, afirmando que sempre que um deputado põe em causa as contas públicas dos Açores, só está a “prejudicar” a imagem do arquipélago. Nuno Melo Alves, do CDS, acusou: “O PS amamentou 16 anos um menino que agora não consegue sustentar”... O CDS-PP/Açores acusou ontem o Governo Regional de esconder a situação financeira da região e corresponsabilizou-o pela crise no arquipélago, tendo o Executivo garantido que está a cumprir “integralmente” as metas orçamentais. Falando durante um debate de urgência no Parlamento açoriano, reunido na cidade da Horta, o líder dos centristas nos Açores, Artur Lima, criticou a tentativa da “propaganda” socialista de encobrir a “dramática e preocupante” situação financeira da região autónoma. “A tese de que o Governo Regional não tem responsabilidade na crise que nos assola não resiste, nem à realidade, nem à lógica”, disse Artur Lima, para quem os açorianos estão cansados do “excesso de propaganda” e do “défice de autenticidade”. O deputado do CDS lembrou que os Açores apresentam “a maior taxa de sempre” de falências de empresas, de insolvências familiares e de desemprego, além de terem também “a maior percentagem do país” de beneficiários do Rendimento Social de Inserção e “a maior dívida pública de sempre”.
Também Nuno Melo Alves, do CDS-PP, acusou, o Governo Regional socialista de “ter esgotado” o modelo social e económico que “estimulou” durante os últimos anos e de ter “desperdiçado a almofada da Autonomia” em esbanjamentos eleitoralistas. Num debate de urgência sobre a situação económica, social e financeira da Região, suscitada pela sua bancada parlamentar, Nuno Melo Alves criticou o facto do Governo, “para além de condicionar o seu passado tenta condicionar a oposição dizendo à oposição como deve pensar e agir”, classificando esta postura como “azia eleitoral do PS”.
“O PS não esperava e queria este resultado eleitoral porque andou 16 anos a amamentar um menino que agora não consegue sustentar e, por isso, passa os dias e as semanas a pedir ideias à oposição. Esgotaram, estão cansados”, ironizou Melo Alves, que lamentou profundamente que “o Governo Regional prefira gabar-se da sua capacidade de dar apoios do que gabar-se da sua não necessidade de dar apoios”. A estes resultados, António Marinho, do PSD, acrescentou outros dados estatísticos relacionados com as quebras na construção civil, no turismo e nas receitas dos impostos. Para o parlamentar social-democrata, estes dados, a somar às dificuldades que vivem as famílias, demonstram que os açorianos estão a viver “a pior fase da história da autonomia”.
“O Governo Regional tenta esconder o sol com a peneira, desviando as atenções para a outra região autónoma ou para o continente português”, mas o facto é que “os sinais de crise, que existiam em 2008, já se manifestavam em 2006, mesmo sem a influência das conjunturas nacionais e internacionais. Foi motivada pelas más opções da governação nos Açores, as mesmas que o PS esconde e desvaloriza desde então”, apontou Marinho. O deputado do PSD/Açores destacou “a enorme descida das receitas fiscais na Região”, lembrando que “o IRS teve uma quebra a nível nacional de 7,6%, mas que foi de 8,4% nos Açores”, enquanto a descida do IRC, “ao nível do Orçamento de Estado, foi de 17,3% e nos Açores de 42,5%”, frisou. “Ao nível do IVA, a descida verificada, com o aumento de taxas no Orçamento de Estado, atingiu 2%, mas foi de 14,4% nos Açores. O significado destes números é bem claro, pois também são fruto do péssimo resultado da Economia açoriana nos anos mais recentes”, disse António Marinho.
Aníbal Pires, do PCP, afirmou que a culpa da situação financeira do país e da região é do Governo da República, que acusou de estar a estrangular a economia e a gerar dificuldades às famílias, mas considerou que a região poderia adoptar mais políticas para minimizar o impacto da crise. “Vossas excelências não querem é utilizar os mecanismos autonómicos que têm ao seu dispor”, acusou Aníbal Pires, destacando que foi para se “protegerem” da austeridade de Lisboa que os açorianos lutaram por um regime autonómico.
Em resposta às acusações da oposição, o vice-presidente do Governo regional, Sérgio Ávila, recordou em plenário as medidas que a região tem adoptado para minimizar o impacto da crise e disse que o Executivo não faz mais por culpa do Governo da República. “Podíamos fazer mais e melhor, por exemplo, na parte social, apoiando mais as nossas instituições particulares de solidariedade social e as nossas famílias, se o Governo da República do PSD/CDS não tivesse reduzido o orçamento da Segurança Social para os Açores”, criticou. Sérgio Ávila lamentou também que os partidos pretendam “meter no mesmo saco” a realidade financeira das duas regiões autónomas, afirmando que sempre que um deputado põe em causa as contas públicas dos Açores, só está a “prejudicar” a imagem do arquipélago. O governante recusou também a ideia de que o Executivo açoriano esteja a esconder o que quer que seja e lembrou que, em 2012, os Açores conseguiram “cumprir integralmente as metas orçamentais, sem desvios e sem qualquer derrapagem”, não contribuindo, por isso, para o défice público do Estado”