sábado, novembro 12, 2011

Inquérito do Banco de Portugal revela que maioria não sabe o que é o spread

Escreve o Publico num texto da jornalista Rosa Soares que “a grande maioria dos bancários tem acesso a contas e a outros produtos financeiros, mas compara pouco os custos ou taxas de juro que são cobrados. O conhecimento que os portugueses têm da diversidade de produtos bancários que lhes são oferecidos e das condições propostas deixa ainda muito a desejar. O Inquérito à Literacia Financeira, ontem divulgado pelo Banco de Portugal, evidencia várias lacunas, como é o caso de 61% dos 2000 inquiridos não saberem o que é o spread - a margem comercial do banco, que é somada a uma taxa de referência, habitualmente a Euribor, e que é definido em função de vários factores, como o risco do cliente. No crédito à habitação, que é um produto detido por 26% dos inquiridos, há vários sinais de iliteracia ou falta de conhecimento das matérias financeiras. Por exemplo, 41% dos inquiridos admitiram não saber qual é spread do seu empréstimo e apenas 39% disse conhecer esse valor. Em relação aos inquiridos com empréstimo à habitação com taxa fixa também há sinais preocupantes, como o de 19% dos inquiridos ter afirmado que a prestação varia periodicamente (quando é fixa) e 3% ter referido "não saber". O Inquérito à Literacia Financeira, que se realiza desde 2008 e que deve servir para melhorar as práticas e definir acções de formação, revelou que 41% dos inquiridos escolhe o crédito à habitação pela prestação mensal e apenas 4% pela TAE - Taxa Anual Efectiva (que reflecte todos os custos associados ao empréstimo). Este desconhecimento é grave porque a um empréstimo com uma TAE mais alta pode corresponder uma prestação mais baixa, se o número de anos do contrato for maior. Na escolha do banco, pesa essencialmente a recomendação familiar ou amigo (35%), a proximidade de casa ou do local de trabalho (23%). As questões de custo ou remuneração de aplicações da conta foram apontadas por apenas por 9% dos inquiridos. Na subscrição de produtos bancários, os portugueses praticamente não fazem comparação entre bancos, com 54% dos inquiridos a alegar como factor de escolha o conselho obtido ao balcão onde têm conta e 25% por indicação de familiares e amigos. Nas aplicações financeiras, a comparação de taxas não é feita por 56% dos entrevistados. Nos empréstimos, a percentagem dos que não fazem comparação desce para 40%. O planeamento de despesas e poupança revela também uma discrepância entre a teoria e a prática: 51% dos inquiridos considera o planeamento das despesas "muito importante" e 38% "importante". A poupança efectiva regular é feita por 52% dos inquiridos, mas 54% deixam a poupança na conta à ordem para gastar mais tarde. Entre as razões para poupar, 58% alegam a necessidade de fazer face a despesas imprevistas, 8% para adquirir bens duradouros e também 8% para a educação dos filhos e 6% para a utilização na reforma. Na análise de acesso aos serviços financeiros, ainda há 11% de inquiridos sem uma conta bancária, mas se forem considerados apenas os inquiridos com mais de 18 anos, a percentagem desce para 9%. Do total, 71% afirmaram desconhecer a existência de Serviços Mínimos Bancários, que asseguram o acesso a uma conta bancária e a cartão de débito com custos que não podem superar 1% do salário mínimo”.

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