domingo, novembro 13, 2011

Portucale e os maçons

"A3 de Março de 2005, Abel Pinheiro, empresário, então director financeiro do CDS/ PP, actualmente um dos arguidos do processo Portucale, conversava descontraidamente ao telefone com o advogado Júlio Correia Mendes. Este estava prestes a entrar para a Loja da Convergência, ligada ao Grande Oriente Lusitano ( GOL). O seu interlocutor foi descrevendo como estava o processo de “admissão”. O diálogo foi, porém, escutado pela Polícia Judiciária e acabou transcrito nos autos do processo. E não foi o único: no Portucale, várias conversas sobre a maçonaria constam dos autos, que actualmente são públicos. Alguns segredos maçónicos foram ainda trazidos à tona noutros dois processos: o dauniversidade Modernae no caso davenda de dois prédios dos CTT. Abel Pinheiro, à data, fazia parte da Loja da Convergência ligada ao GOL que, entretanto, deu origem à Loja Nunes de Almeida, em homenagem ao antigo presidente do Tribunal Consitucional, Luís Nunes de Almeida. Ao telefone, Abel Pinheiro procurou “enturmar” o recém- chegado na nova Loja, dizendo- lhe que por lá andavam várias figuras ligadas ao PS: Antóniovitorino, Rui Pereira, ex- ministro da Administração Interna, Vitalino Canas, deputado do PS. Por sua vez, José Magalhães, ex- secretário de Estado da Justiça estava na mesma condição que Júlio Correia Mendes. Na fila de espera para entrar. Tradicionalmente, o GOL é conotado com a esquerda política, sobretudo com o PS. Abel Pinheiro disse ao seu interlocutor que, durante os Executivos de António Guterres, a sua Loja era conhecida como o “gabinete”, dada a quantidade de socialistas por metro quadrado. Com apurado sentido de humor, Abel Pinheiro até contou que quando o PS vai para o governo, “aquilo”, ou seja, a Loja, parece a“sopa dos pobres”. As conversas entre os dois sucederam- se durante alguns dias e mais segredos foram escutados. Terá a maçonaria poder? Abel Pinheiro respondeu negativamente. Mas tem a“coisa mais preciosa” no mundo moderno, declarou o antigo dirigente do CDS/ PP – a informação. E informação é poder. O próprio Abel Pinheiro tratou de, genericamente, dizer ao advogado quem por lá andava: “Gente” do Ministério Público, juízes, professores universitários e do secundário, médicos, presidentes de câmaras. No fundo, uma“rede de relações humanas” única no mundo, concretizou. E, ainda de acordo com as palavras do antigo director financeiro do CDS, o mais “espantoso na organização” é que as pessoas não “escondem” nada a ninguém e nada transpira para o exterior porque, elementar, não há“umalinha” escrita sobre o que se diz lá dentro. Porém, em 2005, ainda que com informação/ poder, os maçons andariam agitados. É que José Sócrates, quando chegou pela primeira vez ao poder, parece não ter cumprido uma espécie de tradição dos bastidores da política: a quota maçónica na formação do Governo. A6 de Março de 2005, Abel Pinheiro e Rui Gomes da Silva ( antigo ministro do Governo de Pedro Santana Lopes, hoje advogado e comentador desportivo) falaram disso mesmo ao telefone. Além da maçonaria, também“ninguém da Igreja” tinha entrado nos escolhidos de Sócrates para o cargo de ministro” (fonte: DN de Lisboa)

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