domingo, novembro 13, 2011

Saúde: agressões físicas a enfermeiros e médicos aumentam

Segundo o DN de Lisboa, "as agressões físicas marcam cada vez mais a violência contra profissionais de saúde. Em 2010, 41% dos 79 casos notificados em hospitais e centros de saúde envolveram uso da força por parte dos agressores - na maioria doentes - acima dos 35% registados em 2009. E os enfermeiros voltaram a ser os mais afectados. Os números ainda são baixos por falta de notificação e só sete casos levaram a queixa na polícia. A maioria das vítimas ( 51) considera que os casos podiam ser evitados e 62 ficaram insatisfeitas com a actuação. O enfermeiro Rogério Gonçalves reage aos dados do Relatório de Avaliação dos Episódios de Violência contra os profissionais de Saúde de 2010, da Direcção- Geral da Saúde: “Não me surpreende”. E conta como há 20 anos foi agredido. “Estava a prestar cuidados a um doente que sofreu um traumatismo craniano. E de repente ele deu- me um murro valente. Mesmo depois disso, prestei- lhe os cuidados de que necessitava”. O também Presidente da secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros diz que o doente “não sabia o que estava a fazer e até negou tê- lo feito no dia seguinte, quando perguntei se o podia tratar sem ser agredido de novo”. A consciência do doente estava perturbada e não tinha por base uma insatisfação em relação ao SNS, como acontece quase sempre. Em 2010 houve 79 episódios, mas em 2009 foram 174, uma redução que se explica “com a queda da divulgação desta plataforma, que teve início em 2007. Caiu no esquecimento, mas queremos sensibilizar mais as pessoas para que notifiquem estas situações”, refere Anabela Coelho, do Departamento da Qualidade na Saúde da DGS. Nas conclusões, o documento frisa que pode ter havido iniciativas para conter os casos, mas também uma queda das denúncias por o site “estar intermitentemente disponível”. A verdade é que se 55 vítimas acham habitual haver estas situações, 51 acham que podiam ter sido prevenidas pela instituição. Após as agressões, 16 pessoas tiveram de ser tratadas, 13 faltaram ao trabalho e em 19 casos foram tomadas outras medida de apoio à vítima. Os 79 casos envolveram tipos diferentes de violência. Em 45 houve injúrias, em 28 houve discriminação e ameaça, calúnias ( 27), difamação ( 26) e pressão moral ( 18). Como num episódio podem ocorrer vários tipos de violência em simultâneo, foram contabilizados 182 ao todo. Entre os 79 indivíduos envolvidos, 56 eram enfermeiros ( 71%) e 20% eram médicos. Os auxiliares e administrativos pouco peso têm nas estatísticas. Rogério Gonçalves explica que a insatisfação chega sobretudo a quem está próximo e os enfermeiros estão em salas abertas, como as de tratamento. A proximidade também pode ser boa, já que nos confidenciam mais problemas do que aos médicos”. As agressões são mais frequentes nas maiores regiões de saúde ( Lisboa e Norte), mas também nos hospitais ( 60 dos 79 casos). E como habitualmente os serviços de internamento de psiquiatria e as urgências, com 22 e 15 casos, têm mais registos. Nos centros de saúde há poucos casos ( 14), mas Rogério Gonçalves conhece mais. “Os utentes são mais exigentes mas mais agressivos perante atrasos no atendimento, ou problemas nas consultas, mesmo que cumpram regras, e muitas vezes é preciso chamar a segurança. Mas os casos resolvem- se frequentemente e os profissionais optam por não registar.” No relatório, além do reforço da divulgação do site e do documento nas instituições de saúde, apela- se à criação de um fórum”.

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