segunda-feira, outubro 25, 2010

Portugal não tem conseguido combater a pobreza

Escreve a jornalista do Publico, Jeniffer Lopes que “a crise e as medidas de austeridade promovidas pela Comissão Europeia vieram contribuir para as dificuldades no combate à pobreza e exclusão social. Portugal é um dos países da União Europeia (UE) que têm tido dificuldades no combate à pobreza e à exclusão social. "A saída da pobreza em Portugal não é a mesma que a saída da pobreza na Alemanha", comparou Miguel Portas, membro do Parlamento Europeu (PE), numa conferência, ontem, na Fundação Montepio. O eurodeputado considera existir na Europa uma situação díspar, com Estados-membros excedentários e deficitários, encontrando-se Portugal incluído no segundo grupo. As medidas de austeridade tomadas pela Comissão Europeia não estarão a contribuir para solucionar os problemas. "Estamos a caminho da desintegração europeia", afirmou Maria João Rodrigues, conselheira especial para as políticas económicas da UE. Na Europa, cerca de 80 milhões de pessoas vivem no limiar da pobreza, o que equivale a 16 por cento da população. Em Portugal, contam-se 1,8 milhões de pobres. Maria João Rodrigues lembrou o ano de 2000, em que os governos, nomeadamente o português, firmaram o acordo dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, no sentido de combater estes valores: "A ambição era erradicar a pobreza na Europa. Apesar dos progressos na definição de uma política europeia, ficámos muito aquém dos objectivos que tínhamos ambicionado." Antes da crise económica e financeira mundial, tinham sido obtidos resultados positivos. "Portugal tinha conseguido a contenção orçamental abaixo dos três por cento", sublinhou Edite Estrela, deputada do PE, para logo de seguida acrescentar que "a crise fez regredir muitos dos progressos conseguidos". A reforma da governação económica da UE, acelerada pela crise grega, levou ao reforço da disciplina fiscal. Os países incapazes de reduzir o défice abaixo dos três por cento do produto interno bruto (PIB) e a dívida total abaixo dos 60 por cento do PIB, passaram a ser alvo de sanções, que incluem multas e perda de fundos estruturais. As sanções são aplicadas, "mesmo que o país esteja com uma taxa de desemprego crescente", afirmou Maria João Rodrigues. Segundo a conselheira, esta estratégia é errada e está a contribuir para o agravamento da pobreza. Na conferência sobre o "Combate à pobreza e à exclusão social, durante a crise económica e para além dela", que termina hoje, às 13h, a discussão girou também em torno das situações cuja resolução permitirá a diminuição da pobreza. Em Portugal, 23 por cento das crianças estão em risco ou situação de pobreza, sendo a aposta na educação apontada como solução para o problema. "É preciso passar das palavras às acções", defendeu Pat Cox, Presidente do Movimento Europeu Internacional, que moderou o debate”.

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