segunda-feira, outubro 25, 2010

Corrupção: Godinho geriu milhões na cadeia...

Garantem as jornalistas do Correio da Manhã, Tânia Laranjo e Manuela Teixeira que "está na cadeia faz dentro de uma semana um ano, mas nunca deixou de gerir o seu vasto património. Manuel Godinho, o sucateiro de Ovar apanhado nas malhas do processo ‘Face Oculta’, usou testas-de-ferro para manter vivo o vasto universo empresarial. Quem o diz é o Ministério Público, que nos últimos despachos juntos aos autos defende mesmo que a prisão apenas "amputou a dimensão criminal" do empresário. "Mas emerge cristalino que permaneceu na gestão do universo empresarial", diz Carlos Filipe, responsável pela investigação. Para sustentar esta tese, foram muitas as diligências feitas pela PJ de Aveiro – num processo cuja investigação terminou oficialmente na semana passada, com a entrega do relatório final. As empresas de Godinho continuaram a ser geridas pelo próprio ou por pessoas por si escolhidas, mesmo depois da renúncia formal da gerência, a 30 de Abril deste ano. "Ao renunciar à gerência das sociedades que integram aquela constelação empresarial, procurou o arguido, na aparência e não na essência, transmitir a ideia de que se desobrigou da sua direcção", diz o procurador, que fala mesmo num "jogo de espelhos" usado por Godinho. Outra curiosidade foi o facto de um guineense ser o administrador das suas empresas. Mário Amadu Bóbo Baldé é o número um na 2ndmarket, da O2, da SCI (Aveiro) e da PC Old – Comércio Electrónico de Produtos Eléctricos, o que configura, segundo o MP, que Godinho usou testas-de--ferro para manter os negócios. Refira-se ainda que a acusação contra o sucateiro, que deverá ser conhecida no máximo até dia 28, vai manter os indícios determinados durante o inquérito, em que, no último requerimento do MP a opor-se à libertação do empresário, eram enumerados 37 crimes: um de associação criminosa, 16 de corrupção activa para acto ilícito, oito de tráfico de influências, cinco de corrupção activa no sector privado, quatro de furto e três de burla. Ouvido pelos investigadores, Manuel Godinho negou a prática destes actos, tendo assegurado que as empresas viviam problemas financeiras. A renúncia, segundo o próprio, afastava o perigo de continuação da actividade criminosa".

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